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78% das advogadas criminalistas afirmam que recebem tratamento diferenciado em audiência

Foto: reprodução / OAB-CE

Pesquisa realizada pela Criminal Lawyer’s Association (CLA) do Canadá apontou que 78% das advogadas criminalistas entrevistadas afirmaram que recebem tratamento diferenciado em audiência, relatando episódios desrespeitosos e paternalistas. Esse foi considerado fator determinante, apontado por elas, no processo decisório sobre o abandono da carreira.

Os dados foram destacados pelo presidente nacional da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracim), Sheyner Asfóra, nesta terça-feira (17), data que se celebra na Paraíba o Dia Estadual da Mulher Advogada. Ele afirmou que ainda existem práticas machistas dentro da área criminal, mas afirmou que isso vem sendo combatido dia após dia. “Atualmente temos muitas mulheres que atuam na área criminal e que se destacam muito pelo belo trabalho desenvolvido, mas precisamos ainda combater o machismo existente para que tenhamos igualdade entre homens e mulheres”, disse.

Sheyner Asfóra lembrou que a Abracim vem atuando para combater desigualdade e chegou a lançar a Comissão Brasileira da Advogada Criminalista, com o objetivo de fomentar discussões e propor soluções para os problemas enfrentados pelas advogadas. “Sabemos que a que a mulher que atua na advocacia criminal tem demandas específicas, como obstáculos à visitação de clientes encarcerados, estrutura falha em cadeias e penitenciárias e violações de prerrogativas”, observou.

Entre as situações que precisam ser revistas, que são reivindicações das advogadas, estão ainda o preconceito de outros atores da justiça e o tratamento não condizente muitas vezes dispensado às profissionais em claro desrespeito às suas prerrogativas.

Luta contra o machismo – A presidente da Comissão das Advogadas Criminalistas da Abracrim-PB, Natália Lopes Alves, revela que muitas advogadas criminalistas enfrentam questionamentos no exercício da sua profissão e muitas vezes de próprios entes do poder judiciário. De acordo com ela, em um Estado como a Paraíba onde o machismo ainda está arraigado, muitas advogadas “amam” o Direito Penal, mas diante de dificuldades acabam por não imergirem na Advocacia Criminal, e as poucas, porém aguerridas advogadas criminalistas, muitas vezes ainda estão nos bastidores das mais importantes discussões, quando deveriam estar na linha de frente delas.

A Abracrim destaca ainda a participação importante na luta pela defesa e igualdade da advocacia criminal feminina das advogadas Érika Ferreira Bruns (Ouvidora da Abracrim-PB) e também Ezilda Melo (membro da Comissão Nacional da Igualdade Racial da Abracrim). Tanto Érika Bruns como Ezilda Melo são autoras de livros. Érika lançou recentemente a obra “O crime na mira da mídia”. E Ezilda, ao lado Thaise Mattar Assad, coordenou o produção e lançamento do livro “Advocacia Criminal Feminista”. A obra possui eixos temáticos como: advocacia, feminismo e gênero, encarceramento feminino, a violência doméstica, o feminicídio, crimes sexuais e o tráfico de mulheres e de drogas.

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