Dia após dia, a tragédia do RS continua dramática. Os níveis das águas sobem e descem, enquanto a temperatura cai. As necessidades se avolumam. Quanto mais o tempo passa, mais insensíveis podemos nos tornar porque nos acostumamos. Não há solução no curto e médio prazo. A reabilitação psíquica, econômica e política demorará muito tempo.
Nesse cenário, vemos o quanto a ação política é limitada. O mal natural entrou no mundo por conta do pecado e as ações políticas só são remédios mecânicos diante de tragédias, como tsunamis, terremotos, enchentes, pandemias, etc.
As Escrituras não nos oferecem fórmulas políticas para lidar com o mal natural. A Palavra de Deus nos oferece orações de lamento e uma Pessoa que sabe o que é sofrer.
O lamento é a oração de protesto, de agonia, de sofrimento. O lamento é a oração de quem ainda crê, de quem não perdeu a esperança. É a oração do aflito, do esmorecido, daquele que estende as mãos vazias. É a oração daquele que pergunta, que interpela, que não se contenta com a dor, mas que luta para expulsá-la. É aquela oração que nasce do choque pelo contraste entre quem Deus é e aquilo que nós vemos acontecer.
A Bíblia tem um livro chamado “Lamentações”, escrito pelo profeta Jeremias, quando o povo de Deus sucumbiu diante do império babilônico. Jeremias orou em lamento: “Edificou contra mim e me cercou de veneno e de dor. Fez-me habitar em lugares tenebrosos, como os que estão mortos para sempre. Cercou-me de um muro, e já não posso sair; agravou-me com grilhões de bronze. Ainda quando clamo e grito, ele não admite a minha oração” (Lm 3: 5–8).
Além do lamento, as Escrituras nos oferecem uma Pessoa que sabe o que é sofrer. Por isso, a resposta cristã é Aquele que responde. Aquele que pode ser encontrado na dor, no pranto e no lamento. Aquele que fala em nossa alegria, mas grita em nosso sofrimento. Cristo é o sumo sacerdote que pode se compadecer porque sabe o que é sofrer (Hb 4;5).
Tem havido e haverá ainda mais disputa política sobre o que fazer diante da tragédia. Mas que poder curativo terá a política sobre corações e famílias quebradas e dilaceradas? A esperança do povo de Deus não pode ser política, mas sim na misericórdia e na graça divina que é capaz de consolar e reerguer corações. Que Deus tenha misericórdia do Rio Grande do Sul!
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