Um grupo de moradores de Baixo Guandu, na região Noroeste do Espírito Santo, aguarda a chegada da lama vinda do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, nesta terça-feira (10). Por volta das 5h, alguns moradores começaram a chegar na ponte sobre o Rio Doce, no município. De acordo com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), a água turva, que vem antes da lama, chegou ao município por volta das 22h desta segunda-feira (9).
O diretor do Saae, Luciano Magalhaes, explicou que o abastecimento foi suspenso por algumas horas com a chegada da água turva, mas como não apresentava riscos, o abastecimento voltou ao normal. O Saae espera a chegada dos rejeitos para poder suspender o abastecimento. Com a água turva, o nível do rio aumentou entre 30 e 40 cm, segundo o Saae.
O rompimento de duas barragens de rejeitos aconteceu na quinta-feira (5) e causou uma enxurrada de lama no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais. A lama também chegará ao Espírito Santo e deve afetar o abastecimento de água de municípios.
Uma empresa contratada pela Samarco, responsável pela barragem que rompeu em Mariana, está coletando amostras ao longo do Rio Doce no Espírito Santo. Eles estão medindo a qualidade da água antes e depois da chegada dos rejeitos. À reportagem eles disseram que não estão autorizados a falar mais sobre os trabalhos.
A notícia preocupou os moradores, que se reuniram na ponte para esperar a chegada da lama nesta segunda-feira (9).
“Vim com um pouco de preocupação e um pouco de curiosidade. Como a gente reage para esperar essa lama? Ninguém sabe como ela virá, se forte ou fraca”, falou a dona de casa Leidiane Monteiro.
O gari João Batista Barcelos também foi atraído pela curiosidade. “Quero ver se ela vai causar algum dano mesmo”, disse.
Perigo
Para o prefeito Neto Barros, não há perigo de os moradores ficarem no local. “Eles têm costume de ficar ali quando tem enchente, ficam sempre acompanhando. A Polícia Militar está no local também, para monitorar”, disse.
No município, a população já vem se preparando para a situação, já que o abastecimento de água será interrompido para análise assim que a lama de rejeitos chegar ao rio que abastece a cidade. Moradores têm feito armazenamento principalmente em caixas d’água extras, piscinas e estoque de galões de água mineral.
“Nosso estoque de caixas d’água acabou desde sábado. Vendemos tudo”, disse o vendedor Weslei Milagre.
Samarco tem que distribuir água e monitorar rio
O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) informou, nesta segunda-feira (9), que a mineradora Samarco tem que distribuir água aos moradores e monitorar o rio, em função dos impactos ambientais e socioeconômicos que serão causados no Espírito Santo pela lama de rejeitos que atingiu o
Rio Doce.
A determinação do Instituto é para que a empresa promova todo o apoio necessário aos municípios e aos cidadãos capixabas que forem atingidos pela onda de lama. Para isso, a mineradora deverá realizar ações que minimizem os impactos ambientais decorrentes da impossibilidade do tratamento de água nos locais afetados pelos rejeitos, assim como pelo comprometimento de outros usos que são feitos do Rio Doce como agricultura e a pesca.
Em nota, a Samarco informou que está atenta a qualquer repercussão no Espírito Santo e em constante contato com as autoridades competentes. A empresa disse que está tomando todas as providências possíveis para mitigar os impactos ambientais gerados e, em caso de necessidade, auxiliar prefeituras e as comunidades em eventuais ocorrências.
G1