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Análise: secretário de saúde diz que Bolsonaro não quer vacina chinesa por “ciúmes” de João Dória

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O dia era 30 de junho, no ano de 2019. O resultado dos sorrisos e tentativas de um acordo afundaram com o “Mostro do Lago Ness”. Mas o simbolismo ficou registrado na história, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, se reuniram na zona desmilitarizada que separa as duas Coreias.

Durante o encontro, Trump chegou a entrar no território norte-coreano e dar alguns passos, se tornando o primeiro presidente norte-americano a fazer isso. Claro que tudo não passou de uma bela encenação diplomática. Mas o que chama a atenção nesse ato é que um ditador sanguinário apertou a mão do seu maior oponente, um ególatra que se julga dono do mundo.

Um ególatra que o presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro (sem partido) construiu um altar em sua homenagem no quarto que ele dorme com a primeira-dama dessa terra na qual deus e o diabo disputam a supremacia na “Terra do Sol”.

Agora vem a grande dúvida: é sabido que a China vem engolindo o Tio Sam na economia e noutras áreas. A tecnologia é um exemplo. Tanto é que os chineses já estão na fase três das pesquisas para desenvolver uma vacina que imunize a população em relação à Covid-19.

O megalomaníaco Trump se debate e tenta combater o “dragão chinês”. Vem retaliando produtos da China e aposta que uma vacina vinda do país asiático não estará “pronta” antes das pesquisas implementadas no “seu solo” ou noutro qualquer do chamado Ocidente.

Contudo, nunca chegou a afirma de forma incisiva, despreparada e louca que, caso a China desenvolva uma vacina antes dos seus “queridinhos”, não comprará ou buscará a tecnologia para assim produzi-la em solo estadunidense. Mas Bolsonaro superou o seu guru e afirmou tal asneira genocida.

Disse o inquilino do Palácio do Planalto que a CoronaVac, imunizante desenvolvido pelo laboratório da China, Sinovac, não será comprada pelo governo, ainda que venha a possuir a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o chefe do Executivo Nacional, existe um “descrédito muito grande” em relação à vacina.

Geraldo Medeiros desmente Bolsonaro

Pura mentira e desrespeito ao povo brasileiro. Ouvido pelo PB Agora, o secretário de saúde do Estado, Geraldo Medeiros, garantiu que ele e o governador da Paraíba, João Azevedo (Cidadania), em conferência remota na terça-feira (20) com o secretário de saúde do país (que está de forma interina) general Eduardo Pazuello, garantiu que a vacina seria comprada pelo Brasil. Não só ela, mas a própria tecnologia para desenvolvê-la.

O problema é Dória, não é a China

A conferência teria sido realizada na última terça-feira (20), estando presentes virtualmente outros governadores e gestores em Saúde Pública. De acordo com o site de notícias alemã, DW, a própria mídia brasileira e Geraldo Medeiros, Bolsonaro teria ficado com ciúmes, pois as vacinas, a princípio iriam para o Estado de São Paulo, que todos sabem, tem na figura do governador daquele Estado, João Doria (PSDB), seu maior rival na corrida à Presidência da República em 2022.

O que diz o DW

O presidente Jair Bolsonaro reagiu de maneira agressiva nesta quarta-feira (21/10) ao acordo firmado por seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, com o estado de São Paulo, que prevê a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, vacina contra o coronavírus da empresa chinesa Sinovac a ser produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan.

A reação de Bolsonaro ocorreu no Facebook, em resposta a seguidores radicais que se posicionaram contra a vacina. “Não será comprada”, escreveu Bolsonaro para um seguidor, em letras maiúsculas. “Qualquer coisa publicada, sem comprovação, vira TRAIÇÃO”, reagiu Bolsonaro a um comentário de outro usuário, que acusou Pazuello de agir pelas costas do presidente.

“Tudo será esclarecido hoje. Tenha certeza, não compraremos vacina chinesa. Bom dia”, respondeu Bolsonaro para outra seguidora, que acusou Pazuello de ser um “Mandetta milico”. Ela se referia a um dos antecessores de Pazuello no ministério, Luiz Henrique Mandetta, demitido pelo presidente por não concordar com a ingerência errática de Bolsonaro na pasta.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Bolsonaro ainda disparou várias mensagens no mesmo tom para seus ministros e aliados no Congresso. “Alerto que não compraremos uma só dose de vacina da China, bem como o meu governo não mantém qualquer diálogo com João Doria na questão do covid-19. PR Jair Bolsonaro”, diz o texto, citando o governador paulista, desafeto de Bolsonaro e chefe do Executivo de um estado que concentra mais de um quinto da população brasileira.

 

Eliabe Castor de Castro
PB Agora

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