Ao Fantástico, vítima de agressões de médico em JP diz que ele não tinha medo de denúncias: “Debochava”

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As agressões contra a enfermeira Rafaella Lima ultrapassaram os limites do apartamento onde morava com o ex-marido, o médico João Paulo Casado, em João Pessoa. Câmeras de segurança registraram duas agressões, que acabaram vindo a público recentemente.

Nas imagens, o médico aparece agredindo a ex-companheira, em pelo menos duas ocasiões diferentes, em vídeos de 2022.

Demorou um ano para que Rafaella conseguisse ver as imagens. Foi nesse momento que ela começou a entender o que realmente acontecia durante seu relacionamento com João Paulo Casado.

“Me ver foi diferente. Porque eu tentava bloquear toda vez que passava as agressões. Então… eu nem lembrava que o carro tinha sido naquela intensidade. Eu lembrava que ele tinha me dado um murro”, explicou Rafaella em entrevista ao Fantástico na noite desse domingo (17).

A jovem já tinha ido à delegacia da mulher de João Pessoa no ano passado, mas não por conta própria. Rafaella foi intimada quando vizinhos fizeram uma denúncia anônima das agressões. Foram enviadas imagens dela sendo agredida enquanto João Paulo segura o filho do primeiro casamento.

“Queriam saber se eu estava passando por algo. Mas eu neguei tudo. Está tudo bem, que nada tenha acontecido e segurei isso até o fim”, lembra Rafaella.
A mulher ainda diz que “tinha medo de denunciar e passar justamente pelo que eu estou passando agora”. O caso foi arquivado. Em julho o casal se separou, e em agosto ela fez uma nova denúncia. Esta semana, as imagens das agressões vieram a público pelo site Paraíba Feminina, foi quando tudo mudou.

A delegada Nadja Fialho de Araújo, que recebeu o vídeo dos vizinhos e pediu o arquivamento da denúncia, foi afastada do cargo depois de o assunto repercutir a semana inteira em João Pessoa. O caso chegou a ser citado até na Assembleia Legislativa da Paraíba.

Zero arrependimento

Segundo a vítima, João nunca demostrou ter medo de ser denunciado e na maioria das vezes até debochava da situação.

“Ele sempre dizia: ‘O que vai acontecer? No máximo pagar uma fiança. Vai acontecer isso. Vou seguir minha vida normal e a sua que acaba porque você vai voltar a ser enfermeira e vai conseguir emprego aonde? Porque as pessoas não vão te ajudar por minha causa’”, relata Rafaella.

Rafaella e João Paulo namoraram e foram morar juntos em 2020. Ela acabou largando o trabalho como enfermeira e começou a estudar medicina, bancada por ele. Segundo Rafaella, a violência sempre ocorria por motivo fútil.

“Você tinha que concordar com a opinião dele. Se você tivesse uma opinião própria, ele acha como se fosse um desaforo, como se eu estivesse enfrentando. […] Algumas vezes ele vinha me pedir desculpas daquela forma grandiosa. Outras vezes ele ficava em silencio no canto dele e eu no meu. Até que alguma hora a gente conseguia conversar. Outras vezes ele se mostrava incomodado quando via meu corpo machucado”, conta Rafaella.

O que diz a defesa?

João Paulo se manifestou por meio de um vídeo.

“Venho através desse vídeo expressar meu mais profundo arrependimento pelo fato ocorrido. Venho pedir perdão. Já fiz esse pedido pessoalmente, mas venho pedir em público.”
O advogado que defende o médico, Aécio Farias, tenta justificar a agressão à Rafaella dizendo que, naquele dia ela tinha maltratado o filho de João Paulo.

“Nas imagens mostram ele após efetivamente produzir aquelas agressões, ele acalentando o filho. Ele disse ali instantes antes que havia tido uma severa discussão com ela, o casal teve uma discussão severa, em que ela lançou impropérios contra o garoto”, afirma o advogado.

A mulher nega a versão da defesa, e garante que sempre se deu bem com o filho do seu ex-marido.

O que dizem as autoridades?

Na segunda-feira (11), o governador João Azevêdo anunciou que João Paulo Casado seria exonerado do cargo de médico ortopedista do maior hospital da Paraíba. No mesmo dia, foi publicada no Diário Oficial do município a exoneração de João Paulo da diretoria do principal hospital municipal de João Pessoa.

Além desses cargos, ele também é cabo do corpo de bombeiros, que já abriu sindicância contra João Paulo. A delegada, que agora assumiu o caso, tentou ouvir o médico agressor esta semana. Em depoimento ao lado do advogado, ele ficou em silêncio.

PB Agora com Fantástico

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