Falta de chuva, queimadas e ondas de calor. Com seca histórica, o nível de hidrelétricas segue em queda em todas as regiões do Brasil. Em menos de 15 dias, o nível das hidrelétricas do sistema recuou de 58,7% para 54,8%.
Os números eram esperados para o período de estiagem, mas acendem um alerta para patamares ainda menores nos próximos meses. Parte do Brasil vive a pior seca em 44 anos.
A situação dos reservatórios das hidrelétricas é crucial para o sistema elétrico do país. A energia produzida nas hidrelétricas corresponde a cerca de 60% do sistema brasileiro. O governo já ligou o alerta e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) elevou a bandeira tarifária para a cor vermelha –a conta de luz ficou mais cara– para bancar o acionamento de térmicas.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o volume do sistema Sudeste/Centro-Oeste, que reúne 70% dos reservatórios do país e serve de referência, permanece como o mais baixo, com 51,6%.
Ou seja, houve um recuo de 2 pontos percentuais no sistema em que está a usina de Furnas, um termômetro para a situação energética nacional. O nível do reservatório de Furnas é de 44% –até o final de agosto, o nível era de 51%.
De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Brasil enfrenta a pior seca desde o início dos registros da série histórica, em 1950. A atual seca é mais severa do que as registradas em 1998 e 2015/2016 e impacta 58% do território nacional.
Em meio à seca extrema do rio Madeira, duas das maiores hidrelétricas do Brasil estão apenas com parte das turbinas em funcionamento. Jirau atualmente opera com 20% das turbinas, enquanto Santo Antônio também precisou paralisar parte das máquinas e funciona com 14% da capacidade.
Em 2014, a cheia histórica do rio Madeira já tinha causado a interrupção do funcionamento das turbinas da hidrelétrica. A paralisação total só foi provocada pela seca uma vez, em 2023.
Segundo a Eletrobras, controladora da Hidrelétrica Santo Antônio, a manobra de paralisar parte das unidades geradoras permite manter a geração concentrada em um grupo apenas e não há previsão de parada total da geração de energia.
Sem previsões para um volume significativo de chuvas na Amazônia, o Rio Madeira continua batendo recordes no registro dos níveis mais baixos da cota da série histórica do Serviço Geológico do Brasil (SGB).
Redação