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Copa: profissionais tentam driblar o expediente

Engana-se quem acredita que São Paulo vai parar para a Copa do Mundo. Embora os avanços tecnológicos facilitem aos torcedores acompanhar os jogos da seleção, para alguns profissionais a pausa durante as partidas não passa de um desejo que não poderá ser realizado.

O Metrô vai colocar em prática um esquema especial nos dias da Copa, antecipando os horários de pico para atender quem se desloca para assistir aos jogos. Durante a partida, porém, os trens continuam circulando para a tristeza do operador de trens Joni Menoti, de 41 anos, que já foi jogador da seleção brasileira infanto-juvenil. Como profissional, ele passou pelo CSA (de Alagoas), Mogi Mirim e Santo André, onde abandonou a chuteira e a camisa 8 há 17 anos por causa de uma contusão.

“Sofro bastante por não poder acompanhar os jogos. Por ter sido jogador profissional, o fato de estar fora do campo já é difícil. Imagina sem poder assistir aos jogos? A gente tenta se conformar, mas é difícil”, lamenta o ex-meio-campista.

“As cores verde e amarela das estações da Linha 2 lembram a bandeira. Dói bastante, porque a gente quer muito que o Brasil ganhe”, diz Menoni, que conta com a gentileza do Centro de Controle de Operações do Metrô para saber quando a seleção marca gols. “Quando a situação está tranquila, eles passam um aviso pelo rádio”, afirma, esperançoso.

No Hospital das Clínicas, foi instalado um telão de 5 metros por 4 metros para os pacientes não faltarem às consultas. Para que os funcionários também possam acompanhar, 291 televisores estarão espalhados pelos consultórios e alas de internação. No Departamento de Emergência, no entanto, o doutor Mário Quintas, de 57 anos, especialista em cirurgia geral e trauma, estará atento. “Tudo depende do bom senso: se aparecer um caso grave, a equipe vai para o centro cirúrgico imediatamente, mas, se pudermos protelar um pouquinho, sem riscos para o quadro clínico do paciente, nós vamos esperar. A equipe fica ansiosa para ver o jogo também”, afirma o médico, de 57 anos, que adora futebol.

Quando questionado se ele gostaria de ir para um bar para ver as partidas, ele é enfático: “Não precisa. Eu também gosto de acompanhar com os médicos residentes. O clima no hospital fica como o do botequim”, assegura o médico, que espera uma redução no movimento no hospital na hora dos jogos. Caso a entrada no centro cirúrgico seja inadiável, o médico ainda assim garante que vai conseguir acompanhar os jogos. “As informações se espalham como fogo em capim seco e rapidamente chegam até mesmo no centro cirúrgico”, afirma.

Para quem trabalha no mercado financeiro, a situação não é menos traquila. Como a BM&FBovespa funcionará normalmente nos dias de jogo, a corretora de valores Solidez, por exemplo, não fará interrupções no expediente. “Vou ficar amarrado na minha cadeira, porque ficarei atendendo os clientes”, diz o auxiliar de home broker Luiz Fernando Manenti, de 26 anos.

Na sala dele há até uma televisão que fica ligada para acompanhar notícias do mercado. É claro que, durante os jogos, ela vai mostrar as partidas, mas ninguém tem esperança de poder assistir aos jogos como deveria. “No jogo contra a Tanzânia, o Brasil fez 5 a 1, mas ninguém viu nada. Só vi os gols à noite, no jornal”, afirma o corintiano.

G1

 

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