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Crônica: Encontro com Jesus em Tel Aviv e um “Papai Noel” fabricado pela mídia

O sol a pino fritava meus neurônios quando resolvi entrar num shopping de Tel Aviv para tomar um mate gelado. Como meu hebraico é fraco, fiquei no Bôqer tov (bom dia), dirigindo-me à moça do balcão, para em seguida meu guia complementar frase, pedindo a bebida com bastante gelo a fim de aplacar a sede mediterrânea que estava a me consumir.

E assim foi passando o tempo. Uma conversa ali, outra acolá, e de repente eis que um amigo de longas datas, chamado Jesus, exclamou meu nome, para surpresa e alegria.

Ele, com seus mais de dois mil anos, mostrava incrível jovialidade, embora estivesse confuso. Sim, confuso, pois não entendia o que é, de fato, o significado do atual Natal.

Segundos se passaram e meu cérebro começou a computar que seria uma brincadeira daquele homem de vestes simples, pois ele sempre foi muito espirituoso e inteligente.

Inquieto, arrisquei o meu hebraico quase nulo para perguntar a Yeshua (Jesus) o que estava a acontecer. “Não sabe mesmo o que é Natal e seu significado nos dias atuais?”. A resposta veio rápida: “Não sei!”. Fiquei atônito e fitei meu guia, que também não estava compreendendo aquela situação no mínimo inusitada.

E o messias cristão repetiu o que havia dito, informando não saber o que é o Natal de hoje, explicando que, até o século XIX, a festa celebrava seu nascimento mas, com o advento da Revolução Industrial e a presença superlativa de Santo Claus, ou São Nicolau, em 25 de dezembro as pessoas passaram a cultuar uma imagem fabricada pela indústria em detrimento ao símbolo máximo do cristianismo.

E o diálogo com Jesus continuou. Ele demonstrava grande preocupação pelos fatos em curso. Não por perder espaço para um São Nicolau transformado a fórceps em “Papai Noel”, mas pela essência da maior festa cristã.

Naquele shopping o messias apontou para um grande pinheiro adornado de neve falsa, cercado por renas de cera produzidas na China, estando naquele mesmo espaço um senhor de idade avançada com almofadas nas vestimentas e bochechas falsamente rosadas gritando “Ho! Ho! Ho!” para o delírio das crianças e adultos. “Esse é o Natal?”, perguntou Jesus.

Em seguida ele pediu um mate, fitou meus olhos com a serenidade de poucos, e perguntou se saberia eu o local que estava montada a manjedoura. Desconsertado, disse que se encontrava no pavimento superior. Ele balançou a cabeça, terminou o chá, e convidou a mim e meu guia para irmos lá, a passos lentos.

E assim foi feito. Vagarosamente percorremos a multidão, ávida pelo consumismo. Percebi que ninguém notava que Jesus estava ali, incólume e resistente aos séculos.

Entramos no elevador e a ascensorista deu de ombros, perguntando o andar que desejávamos ir. Informei à moçoila, que exibia fastio no rosto, que iríamos ao andar que estava montada a manjedoura.

Ela apertou o botão e manteve-se calada até chegarmos ao pavimento desejado. “É aqui que está a manjedoura, senhores!”. Agradecemos e saímos daquela cabine de metal para em seguida encontrar o que procurávamos. Uma réplica com ornamentação barata e ninguém para admirá-la, exceto um rapaz que fazia a limpeza do local.

Jesus manteve-se calmo, contemplou o ambiente, para finalizar nosso encontro com uma exclamação digna da sua altivez e simplicidade. “Sim, é aqui que devo ficar meu amigo, pois a ostentação não combina com minha pessoa. O amor sim”.

Depois, beijou meu rosto e disse: “Vá em paz meu irmão. Eu sou o Natal, e o Espírito Santo conosco”. Em seguida, deu as costas e começou a meditar.

Em respeito eu e David, o meu guia, saímos daquele local de forma silenciosa e com uma certeza. Por mais que a indústria e o capitalismo busquem eleger “Papai Noel” como símbolo de uma época, nada substituirá Yeshua e seus ensinamentos. O resto é puro marketing e consumismo.

Eliabe Castor
PB Agora

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