No ano em que pode ser registrada a seca mais severa do século no Brasil, há risco de suspensão da Operação Carro-Pipa, mantida pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) em parceria com o Exército Brasileiro, que leva água para municípios sem rede de abastecimento e que estejam totalmente sem água nas cisternas. A situação pode agravar a seca enfrentada em áreas rurais do semiárido brasileiro onde mananciais e cisternas já não têm água em agosto, antes mesmo do pior período de estiagem. Nesses locais, se o carro-pipa não chega, não há água para situações básicas para a sobrevivência humana, como consumo. Esses municípios reúnem cerca de 2 milhões de brasileros (1,8 milhão de pessoas foram atendidas em julho).
Em fevereiro deste ano, a operação foi interrompida por alguns dias por falta de recursos, já que o Orçamento 2021 não havia sido aprovado. Agora, de acordo com o MDR, as verbas serão insuficientes para garantir a operação até o fim do ano. A previsão é que os recursos do MDR acabem até o fim do mês de agosto, situação que deixou em alerta as defesa civis regionais e pipeiros, os motoristas dos caminhões-pipa.
Em seis dos nove estados atendidos pela operação, já houve suspensões temporárias em julho, de acordo com dados do Exército Brasileiro, parceiro do MDR e das Defesas Civis dos estados na operação. Não há registro de que as suspensões sejam por falta de recursos em julho, mas, em alguns municípios, não há pipeiros interessados em executar o serviço. “Quando a distância do manancial para o município é muito curta, o valor do frete não paga os custos. E aí os pipeiros não fazem o trajeto”, afirma Eduardo Rodrigues de Aragão, diretor do Sindicato dos Pipeiros do Ceará.
No Piauí, a operação foi suspensa em julho em um quarto dos 36 municípios atendidos. Em sete locais, a suspensão ocorreu por falta de pipeiros interessados, já em uma região faltou o laudo de potabilidade, documento que deve ser apresentado pela prefeitura. No estado, de acordo com o presidente do Sindicapi (Sindicato dos Transportadores de Carga do Piauí), Humberto Lopes, houve alerta aos pipeiros de que os recursos terminarão em breve.
Para o Ceará ainda não há informações sobre falta de dinheiro para a operação. Lá, três novos municípios devem ser atendidos pela operação a partir de setembro, entre eles Quixadá, onde os caminhões-pipa já eram vistoriados na semana passada. O problema é que se houver interrupção dos repasses, como pode acontecer caso não sejam liberados novos recursos pelo governo federal, a operação será novamente suspensa.
Uma portaria de 28 de julho assinada pelo MDR garantiu mais recursos para a Defesa Civil do Ceará, no total R$ 19 milhões, atendendo a um pedido feito pelo Estado em maio deste ano. O dinheiro pode ser usado até 31 de dezembro.
Redação com R7
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