Uma operação deflagrada pelo MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) em conjunto com a Polícia Civil do Distrito Federal cumpriu cinco mandados de prisão temporária e oito mandados de busca em residências e trabalhos de investigados. Apelidada de “backdoor”, a ação teve o objetivo de colher elementos de prova relativos ao cancelamento irregular de multas de trânsito por meio de invasão não autorizada em sistema informatizado do Detran do Distrito Federal e visa a obtenção de elementos probatórios para subsidiar as investigações em andamento.
As informações colhidas até o momento apontam que fraudes foram realizadas por meio de acesso ao sistema do Detran/DF, via Internet, por hackers, que se aproveitaram de vulnerabilidade existente, cancelando multas e retirando restrições judiciais e administrativas, o que permitiria inclusive o licenciamento e a transferência de propriedade de veículos com pendências.
Constatou-se que as fraudes foram encomendadas pelos proprietários e usuários dos veículos a despachantes que, por sua vez, solicitavam que a alteração no sistema Getran fosse realizada por hackers. Verificou-se ainda participação de servidor cedido ao Detran/DF, que repassava informações internas a ex-despachante que comercializava as fraudes.
O laudo pericial produzido pelo Instituto de Criminalística, por meio da Seção de Perícias de Informática, apontou que o somatório dos valores das multas canceladas indevidamente utilizando o mesmo esquema criminoso é de R$ 1.371.658,99, no período compreendido entre maio de 2019 a janeiro de 2020. Essas multas pertenciam a um total de 612 veículos. As restrições judiciais e administrativas desbloqueadas utilizando o mesmo modus operandi pertenciam a um total de 80 veículos.
O Detran/DF prestou plena colaboração na apuração dos fatos. As investigações ainda estão em curso, de forma que não haverá atendimento à imprensa.
Por Humberto Júnior com MPDFT