Imagens aéreas feitas com o auxílio de um drone mostram a destruição causada pelo tornado que atingiu Xanxerê, no Oeste catarinense, na tarde de segunda-feira (20). Dezenas de casas tiveram os telhados arrancados pelo vento, que pode ter chegado a 330 km/h, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Na cidade, duas pessoas morreram e cerca de 120 pessoas foram levadas para hospitais, segundo a Polícia Militar. Cerca de 2,6 mil residências foram atingidas, segundo último balanço da PM e aproximadamente mil pessoas ficaram desabrigadas. A Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) informou que 200 mil unidades consumidoras ficaram sem luz em 20 cidades da região, após 11 torres de transmissão caírem ou ficarem inclinadas.
As imagens aéreas foram feitas na manhã desta terça-feira (21), no bairro onde fica o Ginásio de Esportes de Xanxerê, que ficou completamente destruído (veja o vídeo acima).
O vídeo mostra a destruição deixada pelos ventos, que duraram menos de cinco minutos. Nas casas, além dos telhados, paredes inteiras desabaram e muitas residências aparecem cobertas por lonas.
A força do vento também chegou a tombar carros e até a carroceria de um caminhão, como mostra o vídeo. Em alguns locais, a força do vento praticamente “varreu” quadras inteiros.
Tornado
Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os ventos que formaram o tornado podem ter variado de 100 km/h até 330 km/h por volta das 15h, horário do fenômeno.
A escala de classificação de tornados começa em 65 km/h e chega a mais de 500 km/h. O F0 é o mais fraco e o F5 é considerado o mais forte. “Pelas características dos estragos e pela intensidade dos ventos, este deve ficar entre F2 e F3”, disse Mamedes Luiz Melo, meteorologista do Inmet Brasília.
Ainda de acordo com a PM, pelo menos 74 pessoas deram entrada somente no Hospital São Paulo, em Xanxerê. Outras dezenas de feridos foram levados a hospitais da região.
Segundo a assessoria de imprensa da unidade, duas crianças foram transferidas em estado grave para o Hospital Regional de Chapecó ainda na noite desta segunda (20).
O Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, informou na tarde desta terça-feira que cinco vítimas do tornado estão internadas no local – entre elas um menino de nome Gabriel, que está na UTI. Ele é o filho de um dos homens que morreram em Xanxerê.
Em Xanxerê, 11 pessoas seguiam hospitalizadas até a tarde desta terça-feira – 11 na internação e 7 na emergência. Nenhuma delas está em estado grave, segundo o Hospital São Paulo. Os demais pacientes que deram entrada foram liberados após receberem atendimento.
População mobilizada
A cidade de Xanxerê se mobilizou para atender às vitimas do tornado. Muitos moradores estão distribuindo alimentos e auxiliando parentes e amigos a retirar objetos de escombros. Padarias da cidade também estão distribuindo comida.
“Eu e o meu esposo decidimos distribuir comida para pessoas que foram atingidas”, disse a vendedora Scheila Waltrick, 39 anos, moradora de um bairro que não foi afetado pelo fenômeno. Eles e a empresária Elisangela Trevisol, 39 anos, levam pedaços de bolo, sanduíches e sucos aos trabalhadores nas casas.
“Parece que ainda não caiu a ficha. Algumas pessoas choram, outras não acreditam. Mas vamos ajudar como podemos”, disse Scheila sobre o gesto de solidariedade. Nas ruas, é comum ver a força-tarefa para limpeza e reconstrução.
De acordo com a reportagem da RBS TV em Brasília, o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, determinou o deslocamento de 100 homens do Exército para ajudar na força-tarefa de recuperação da cidade, busca por vítimas e deslocamento das famílias, com ônibus e caminhões do Exército à disposição.
Os militares farão atendimento aos atingidos, deslocamento de pessoas e distribuição de kits de auxílio humanitário, contendo materiais de higiene e alimentos. Ainda segundo a Defesa Civil, um grupo de ações integradas, entidades e órgãos oficiais atuam desde a noite de segunda no local do desastre.
Calamidade Pública
O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, esteve no Oeste e afirmou que deve assinar ainda nesta terça-feira um decreto de calamidade pública.Três coordenadores da Defesa Civil estão na região contabilizando estragos, para dar parâmetros para o prefeito da cidade, Ademir Gasperini.
O governador afirmou que será dado todo o apoio para o atendimento às vítimas e a reconstrução da cidade. “Temos um fundo de Defesa Civil e vamos aportar os recursos necessários”, afirmou. Segundo ele, essa fase é a próxima a ser discutida. “Essa é uma fase de emergência, de dar proteção às pessoas e tentar normalizar a situação”.
G1