Ao participar do segundo dia da 4ª Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC), Davi Kopenawa, uma das maiores lideranças indígenas do País, defendeu a preservação da cultura, das tradições e das línguas dos povos originários.
“Estamos aqui, conversando com a sociedade e o governo, para nos juntarmos para recuperar as culturas ameaçadas”, afirmou.
Ele celebrou a diversidade da Conferência, que trouxe para o debate questões importantes relacionadas aos povos originários e garantiu a presença de representantes indígenas no evento.
“Estou encontrando os meus amigos de luta e guerreiros da nossa floresta amazônica. A liderança antepassada já lutou muito, agora nós continuamos a luta para viver bem, com saúde, alegria, dançando, falando nossas próprias línguas e preservando o lugar onde nascemos. A cultura do povo indígena já está quase acabando, porque os brancos são destruidores”, completou.
Para Kopenawa, a preservação das florestas, o combate ao garimpo ilegal e a proteção às terras indígenas são ações indispensáveis quando se fala em cultura dos povos originários. Disse que o povo indígena, está quase perdendo as suas terras.
A liderança indígena citou ainda a preservação das línguas como outra demanda essencial para seu povo.
“A cultura Yanomami é diferente. Falamos a língua Yanomami. E o homem branco, só quer uma cultura. Só o português para ele é bom. Mas nós, o povo originário do Brasil, não queremos separar, não. Nós só queremos continuar a falar a nossa língua própria, materna e originária”, finalizou.
É xamã, líder político do povo Yanomami e ativista na defesa dos povos indígenas e da floresta amazônica, além de autor, roteirista, produtor cultural e palestrante. Também preside a Hutukara Associação Yanomami, que desenvolve projetos em defesa do território contra garimpeiros e outros invasores, assim como pela melhoria das condições de saúde e educação do povo Yanomami.
Tem um trabalho reconhecido na defesa dos povos originários, mas também do meio ambiente, da diversidade cultural e dos direitos humanos. É autor da obra A queda do céu – palavras de um xamã yanomami (2010), em coautoria com o antropólogo francês Bruce Albert.
Redação