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Luís Fabiano: Mudei o estilo de jogar

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Depois de três anos e quatro meses, em novembro de 2007 Luís Fabiano voltou à seleção brasileira na partida contra o Peru, em Lima, válida pelas eliminatórias. Ele substituiu Vagner Love na metade do segundo tempo e o jogo terminou em 1 a 1. No jogo seguinte, no Morumbi, contra o Uruguai, Fabiano entrou como titular e marcou os dois gols que garantiram a vitória do Brasil por 2 a 1 de virada. Foi o bastante para ser ovacionado pela torcida e praticamente garantir seu lugar no grupo.

Artilheiro da seleção sob a gestão Dunga – 19 gols, segundo levantamento da CBF –, Luís Fabiano, 29 anos, diz nesta entrevista que está em seu melhor momento, e que mudou seu estilo de jogo, pois agora busca mais as jogadas e até faz assistência aos companheiros de Sevilha – tudo por força do estilo de jogo europeu, mais rápido e mais fechado. Fala ainda que quer jogar numa grande equipe europeia e sonha em voltar a defender o São Paulo.

Você não quis ir para o Milan no ano passado?
Vários clubes fizeram ofertas. Cerca de cinco meses atrás, o Milan fez uma proposta para o Sevilha, mas o clube não aceitou porque achou baixa.

Mas você pensa em mudar?
Olha, jogar num grande clube sempre foi meu maior objetivo e nestes últimos anos estive muito perto disso. Não aconteceu ainda por circunstâncias de contrato, mas acredito que quando meu contrato estiver vencendo – vai até junho de 2011 – e se eu for convocado para a Copa e jogar bem, acredito que vão aparecer novas oportunidades.

Depois de passar por Portugal e Espanha seu estilo de jogo mudou muito?
Mudou. O Luis Fabiano que jogava no São Paulo mudou totalmente. Aprendi a marcar, a voltar mais para buscar jogo. Estou passando por uma nova experiência na minha carreira que é dar assistência para os companheiros – no fim do ano tinha seis assistência em 15 jogos. Isso acontece porque volto muito, saio da área para jogar. Não estava acostumado a fazer isso no Brasil, aprendi aqui na Europa. Aqui tem de ser um jogador mais dinâmico porque não tem muito espaço, o jogo é muito rápido. Tudo isso tive de aprender na marra.

O que aconteceu na sua passagem pelo Porto?
Nada deu certo lá, mas agora sei que tive grande culpa porque não tentei lutar contra as dificuldades que tive. Eu só pensava em sair, não quis permanecer e dar a volta por cima, como aconteceu aqui no Sevilha. Não dá para procurar desculpa, o erro foi meu, e ainda tive problemas como o seqüestro da minha mãe, lesões. De toda a forma eu não estava com a mesma cabeça boa de quando cheguei aqui no Sevilha.

E agora você anda mais calmo dentro de campo…
Muito mais (risos). Claro que não se perde totalmente a maneira de ser, a personalidade, mas a gente aprende a lidar com certas situações. Eu aprendi bem e sei lidar com isso. Se rola confusão eu naturalmente saio, tenho outra maneira de agir. Antes estourava e fazia tudo que vinha na cabeça, era um grande erro.
Em época de convocação ainda rola aflição, dúvida?
Com certeza, todo mundo só acredita vendo. Sempre quando tem convocação fico atento. Lógico que o momento é favorável, mas todo mundo fica tenso, todos ficam na expectativa.

Qual jogo foi mais emocionante: a estreia na seleção ou a partida contra o Uruguai no Morumbi nas eliminatórias, quando você fez os dois gols?
Olha, o sentimento foi o mesmo, com pequenas diferenças. A estreia com a camisa da seleção não dá para esquecer, e considero o jogo contra o Uruguai minha reestreia. Foi um jogo muito especial: jogar no Morumbi com a camisa da seleção depois de muito tempo, reencontrar o torcedor de São Paulo, e ainda fazer os dois gols… foi um sonho. Eu nem sabia que seria titular naquela noite, foi surpresa, e acabei dando a vitória depois de um jogo muito difícil, muito sofrido.

Você ouvia a torcida gritar seu nome no Morumbi?
Sim. Já quando entrei em campo a torcida começou a gritar. Fiquei emocionado porque havia muitas estrelas, como o Ronaldinho, o Kaká, o Robinho. A torcida gritando… foi uma emoção muito grande, e graças a Deus consegui retribuir fazendo os gols.

Qual foi o seu momento mais emocionante na seleção?
Foi na Copa das Confederações na África do Sul, no jogo final contra os Estados Unidos, pelo jeito que vencemos. Foi um jogo sofrido, e conseguir a virada no resultado da maneira que conseguimos – começamos perdendo de 2 a 0 e vencemos por 3 a 2. E ser segundo melhor jogador da competição e artilheiro então, foi muita coisa.

Qual o ponto forte da seleção brasileira?
Acho que hoje é um grupo que tem um só pensamento, todos têm o mesmo objetivo. Um grupo vencedor começa por aí, pela união. O que é muito importante porque qualidade os brasileiros sempre tiveram, há jogadores que podem definir uma partida. Juntas, as duas coisas deixam a equipe brasileira mais forte ainda.

O que você acha do grupo do Brasil?
Difícil, já joguei contra Portugal, é um time muito forte. E conheço alguns jogadores da Costa do Marfim. Não vai ser fácil.

Quem está praticando um bom futebol na Europa no momento?
A Espanha é a seleção que está jogando melhor e tem jogadores que estão num ótimo momento.

Quem você acha que pode se destacar na Copa?
Iniesta ou Xavi (ambos do Barcelona) podem ser destaques, porque estão em momentos excepcionais tecnicamente.

Você ainda é pontepretano?
São-paulino e pontepretano, isso é para sempre

E pensa em voltar a jogar no Brasil?
É uma coisa que sempre tive na cabeça, e quero voltar em bom nível. E tenho como minha primeira opção voltar ao São Paulo.

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