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Ministro da Saúde paraibano avisa: “Nada será resolvido na base do cacete”

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O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que deve tomar posse na quinta (18), afirma que pretende chamar secretários estaduais e municipais e articular um movimento de “união nacional” para superar a situação dramática que o país atravessa por causa da epidemia.

“Nada será resolvido na base do cacete. Vamos resolver na base do diálogo”, disse ele em uma conversa exclusiva com a coluna.

Anunciado como novo comandante da Saúde na terça (16), ele diz que já telefonou para vários secretários estaduais de Saúde –entre eles, os de São Paulo, Jean Gorinchteyn, da Bahia, Fábio Villas Boas, e do Rio de Janeiro. Conversou também com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT-PI), que representa o fórum dos governadores.

Queiroga afirma que, para que a articulação nacional que planeja dê certo, ele precisa de “uma certa trégua”.

“Nós sabemos como estão as relações. Precisamos dar um ‘reset’ [reiniciar]”, diz.

Questionado se fazia referência à relação do presidente Jair Bolsonaro com os governadores, afirmou: “As relações da sociedade como um todo estão tensas, pelo momento que atravessamos. E as relações governamentais refletem isso.”

Diante do drama da epidemia de Covid-19, diz ele, as pessoas e as autoridades desenvolveram visões diferentes sobre como enfrentar o problema.

“Há os que pedem que tudo seja fechado, que as pessoas fiquem em casa para combater a epidemia. Há aqueles que afirmam que as pessoas têm que sair para trabalhar. Há diversos pontos de vista”, diz.
Alinhado com Bolsonaro, Queiroga já afirmou ser contra um lockdown nacional. Mas sinaliza que não condenará medidas regionais de isolamento social.

“Quanto mais eficientes formos, quanto mais rápidos formos no combate à Covid-19, mais rápido vamos retornar à atividade econômica”.

Nesta quarta (17), ele e o general Eduardo Pazuello, que ainda comanda o ministério, visitam a Fundação Fiocruz, no Rio de Janeiro, que fabricará a vacina de Oxford/AstraZeneca no Brasil.

Queiroga afirma que a visita demonstra a importância que ele dará à vacinação. “Será a maior das nossas prioridades”, diz. O cardiologista alerta, no entanto, que é preciso entender que a vacina “não vai, a curto prazo, salvar vidas”. Para isso será necessário que a maioria da população esteja imunizada.

O cardiologista, que já era próximo do presidente e de sua família, afirma que Bolsonaro está sensível à necessidade do diálogo.

“O presidente quer que eu dialogue em nome da saúde no Brasil”, afirma.

“A Igreja, quando passava por uma crise, foi buscar um padre de longe [na Argentina, foram do circuito europeu] para resolver. Não quero me comparar ao papa Francisco, longe de mim. Mas o presidente Bolsonaro foi buscar alguém lá de longe, na Paraíba [Queiroga é do estado], para tentar superar os problemas. Sou um homem do diálogo”, afirma.

“O presidente está chamando um homem que tem apreço à ciência”, segue o cardiologista. Ele acredita que, com isso, Bolsonaro “está rechaçando todas as acusações de negacionismo” que fazem ao governo.

Queiroga afirma ainda que cabe a ele “convencer o presidente” sobre pontos de que Bolsonaro ainda não está seguro. “Ele está sensível para a questão das máscaras, por exemplo”, afirma.

O médico afirma estar ciente do desafio que vai enfrentar. “Eu tenho uma missão difícil. Eu preciso conquistar a confiança das pessoas”, afirma.

O Brasil bateu ontem recorde de mortes, com 2.798 óbitos nas últimas 24 horas. e se aproxima de um colapso.

“É uma momento difícil, que reflete o que aconteceu há três semanas [de comportamento das pessoas, que acabaram infectadas e doentes]. Por isso são necessários o distanciamento social, o uso de máscaras e evitar aglomerações.”

Ele diz também estar tranquilo em relação de eventuais resistências da base parlamentar do governo a seu nome. O Centrão tinha indicado outras pessoas para o cargo.

Segundo Queiroga, o presidente deu autonomia a ele para fazer as mudanças que julgar necessárias no Ministério da Saúde.

“Nós vamos montar uma equipe com o nosso perfil. Vamos fazer modificações”, informa.

 

Coluna da Mônica Bergamo, da Folha

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