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Morre o ator e chef de cozinha Rodolfo Bottino

O ator Rodolfo Bottino morreu na manhã deste domingo, em Salvador, aos 52 anos. Ele era portador do vírus da Aids e, segundo relatos de amigos, não resistiu a uma embolia pulmonar sofrida durante um exame de ressonância magnética, preparatório para uma cirurgia de quadril.

Bottino era carioca e morava no Rio, e estaria na capital baiana porque tinha parentes na cidade. Galã da TV Globo na década de 80, em novelas como Ti Ti Ti, Bambolê e Bebê a Bordo e séries como Anos Dourados, o ator, que também era chef de cozinha e professor de culinária, descobriu-se soropositivo nos anos 90, mas nunca sentiu manifestações da doença.

Dois anos atrás, para “livrar-se do peso de um edifício nas costas”, deu a primeira declaração sobre o assunto. Agiu contrariando os conselhos da mãe, que preferia que o filho se preservasse, temendo reações preconceituosas e prejuízos à sua carreira. Bottino decidiu se expor pensando que poderia ajudar outros soropositivos a encarar melhor sua condição.

Não queria, no entanto, ser alvo de olhares piedosos. Dizia que o importante era “a cuca”. Fumante, em 2006 já havia enfrentado um câncer no pulmão, combatido com quimioterapia. Também superou uma anorexia grave, que reduziu seu peso a 41 quilos. Foi desenganado pelos médicos que o tratavam. Teve também síndrome do pânico.

Em 2010, passou por uma cirurgia para desentupimento de uma artéria, relatada no blog Com um Pé na Cozinha, atualizado até março deste ano. Ajudado por familiares e amigos, superou todos os problemas de saúde mantendo-se ativo, com projetos de peças, livros e programas de TV.

Em entrevista dada em setembro ao site especializado em notícias sobre celebridades Babado, dizia não temer a morte. “Só não quero morrer agora. Está bom aqui. Não quero ser exemplo para ninguém. Odeio ser chamado de coitadinho”, declarou o ator, que minimizava o peso de ter o HIV dizendo que, graças à evolução dos antirretrovirais, ser soropositivo equiparava-se a ter diabetes.

“Deus me deu uma dádiva. Não encarei a vida com mau humor, nem as coisas ruins. Nem este assunto. Claro que não sou um idiota. Quando eu soube, mexeu comigo. Mas não fiquei deprimido, fui à luta. Era hora de ficar quieto, agir e tomar remédio”, disse.

Bottino, que chegou a ter programas de culinária em diferentes emissoras, em que cozinhava e dava receitas, estava escrevendo dois livros. Segundo amigos, mostrava-se animado porque depois da recuperação da cirurgia de quadril iria apresentar um programa já acertado, em São Paulo.

Um sucesso recente foi a peça Risotto!, na qual atuava e cozinhava para a plateia. Hoje, seus dois irmãos, Verônica e Antônio Bottino, ressaltaram em mensagens no Facebook sua força de viver e de trabalhar e também seu bom humor.

A Ipanema e o Baixo Leblon dos anos 80 era a casa de Bottino. Convivia com Cazuza (que morreria em decorrência da Aids em 1990) e sua turma de amigos na rotina dos bares. Num só mês, no fim dos anos 80, quando os medicamentos ainda não eram tão modernos, o ator foi a 18 enterros de amigos vitimados pela Aids – uns desistiram de lutar contra a doença, ideia que ele não aceitava.

Estadão

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