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Opinião: Com um presidente negacionista e o vírus da ignorância, não tem vacina que dê jeito

Foto: MATEUS BONOMI / ESTADÃO CONTEÚDO

Num debate histórico pela disputa da Presidência da República, transmitido em cadeia de TV, o então candidato pelo PDT, Leonel de Moura Brizola, desbancou o concorrente e sociólogo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que questionava os elevados custos, para o erário, das escolas em tempo integral.

Brizola foi cirúrgico no rebate a FHC: “Cara é a ignorância; o que custa a ignorância a este País, não é brincadeira. O País não tem outra saída a não ser instituir uma escola de qualidade para os jovens, como tem na Europa e outros países que se prezam.”

O argumento do ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul tem se comprovado ao longo do tempo, sobretudo agora, em que o mundo atravessa um momento histórico, com uma pandemia do Coronavírus.

Maldita ignorância
Chega a ser deprimente o nível de desinformação e ignorância de uma grande parte do nosso povo, quanto aos procedimentos mínimos necessários para combater a propagação do coronavírus.

Uma ignorância quase animalesca, e que afeta todas as camadas sociais, inclusive, a elite que frequentou as melhores escolas, mas que não aprendeu nada além de um pouco do conteúdo didático.

É incrível como as pessoas não conseguem entender que só existe uma forma eficaz de estancar a propagação do coronavírus: o distanciamento e o isolamento sociais.

Números assustadores
A Paraíba volta ao vermelho no mapa da Covid-19, e atinge números alarmantes: só nesta quarta-feira (19), foram registrados (pasmem!) 1.014 novos casos, afora os 16 casos de mortes. Imagine que ainda tem os que ficam fora da estatística por conta da
subnotificação.

Culpa do povo
É claro que não se pode esperar muito de um País cujo presidente é um declarado negacionista da ciência e da Medicina e que, portanto, tem feito propaganda contra a vacina e a favor da Cloroquina, que não serve para esta finalidade.

Convenhamos, porém, independente disso, o pior de tudo é a ignorância de uma expressiva (e bota expressiva nisso!) parcela da população.

Constatação
Basta ver as aglomerações constantes, sobretudo em determinadas épocas festivas, como carnaval, São João, além das campanhas eleitorais. Não tem decreto governamental no mundo que segure o tal do ignorante. Ele vê todos os dias os números alarmantes de contaminados e mortos pela Covid-19, mas não tem jeito: tem aglomeração, ele está de dentro.

Flexibilização dá nisso
Da parte dos governos, o grande erro foi a tal da flexibilização. Ora, se não se segura os ignorantes nos períodos de restrições, imagine com a flexibilização! Quando se fala em flexibilizar, o tal do ignorante já acha que o vírus foi erradicado e que a pandemia chegou ao fim.

Pelo grau de propagação do coronavírus, mais cedo ou mais tarde chegaremos a pior das alternativas, o lockdown.

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