A moeda brasileira, o “Real”, tem sucumbido diante do dólar nos últimos dias. A moeda americana está, atualmente, na boca do povo brasileiro. Fico assombrado ao ver pessoas de classes menos favorecidas, que pouco entendem de economia global, indagando sobre a disparada da moeda americana e a queda da nossa. Sei que a imprensa nacional — e aqui incluo também as redes sociais — tem contribuído significativamente para esse clima de desastre econômico que se espalha entre uma grande parcela da população.
A verdade é que, com a alta exagerada do dólar frente ao real, o povo já sente no bolso o aumento dos preços das mercadorias de primeira necessidade. E, se essa situação continuar sem controle, certamente as consequências serão graves. Caminhando pela favela, um senhor de 80 anos me perguntou: “Para onde vamos com esse descontrole da nossa moeda?” Fiquei assombrado. Por um instante, esqueci que a emissora de maior audiência no Brasil ainda alcança uma grande parte desse público mais humilde. Nos últimos dias, essa emissora esqueceu as prisões de generais e passou a se concentrar quase que exclusivamente no tema “Real x Dólar”, inflamando as mentes dos ouvintes, sejam eles das regiões mais privilegiadas ou dos subúrbios mais carentes.
O fato é que não se atenta à raiz do problema: uma administração desgovernada em Brasília, que gasta mais do que arrecada, sem um plano de emergência capaz de nos tirar dessa situação grave. O Congresso, por sua vez, age de forma dúbia e quase inerte, preocupado apenas com seus próprios interesses imediatos, enquanto o povo que se dane. Esse povo será sempre a voz rouca das ruas, rouca de tanto gritar para ouvidos insensíveis.
Estava ouvindo o programa “Pânico Jovem Pan”, e o economista Samu Dana, considerado um prodígio e com doutorado em Harvard, junto com Emílio e os demais, prognosticaram que o dólar pode chegar a 9 reais, podendo até alcançar 10 reais em 2025. Salve-se quem puder. A voz rouca das ruas sempre será a parcela do povo que, como um jumento, carregará sobre si a carga mais pesada.
Elcio Nunes
Cidadão Brasileiro
Diagnóstico do Texto:
O texto de Elcio Nunes reflete a preocupação e frustração de muitos brasileiros diante da disparada do dólar e da crise econômica, apontando para uma sensação de abandono e desgoverno. Ele critica a falta de ações concretas por parte das autoridades em Brasília para resolver os problemas fiscais e econômicos, e destaca como a mídia — especialmente a televisão — tem alimentado esse clima de incerteza, muitas vezes sem aprofundar as causas reais da situação.
A metáfora do “povão” e da “voz rouca das ruas” transmite a ideia de que a classe mais pobre e desinformada acaba sendo a mais afetada por decisões políticas e econômicas, muitas vezes sem entender completamente as razões por trás da inflação ou da desvalorização da moeda. Ele também faz referência ao prognóstico de alguns especialistas, como Sami Dana, sobre o possível aumento do dólar, o que só contribui para aumentar o desespero e a sensação de insegurança entre os brasileiros.
A crítica central está na falta de um plano de ação eficaz para resolver o problema da economia, refletindo a percepção de que, enquanto o povo sofre, os políticos e a elite continuam focados em interesses próprios, alheios às necessidades da população. Essa mensagem de desconforto e indignação está em sintonia com um sentimento comum de impotência diante de uma crise econômica que parece não ter fim.