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Opinião: Queiroga vive situação humilhante e ainda pode virar ministro “Porcina”

Foto: Roberto Rodrigues/ Agência Brasil

O que leva um profissional com tamanha qualificação e biografia, como o médico cardiologista paraibano, Marcelo Queiroga, a se sujeitar a humilhação que está vivendo? O que há no poder de tão sedutor que as pessoas se passam a papéis pouco recomendáveis à sua própria história?

É difícil entender.

Convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para ser ministro da Saúde – mesmo assim, só depois da médica Ludhmila Hajjar rejeitar o convite -, o paraibano Marcelo Queiroga aceitou. Já se passou mais de uma semana e nada do doutor Queiroga assumir o cargo.

Queiroga ainda pode se tornar o “ministro Porcina”, aquele que foi sem nunca ter sido. Ou por não assumir (que, apesar da demora, não é muito provável) ou por não apitar nada no Ministério, limitando-se a seguir as recomendações de Bolsonaro.

Tem reunião de governo programada para a próxima quarta-feira (24), mas quem tem presença confirmada na mesa de reunião é o general Eduardo Pazuello, a quem o paraibano Queiroga iria substituir no cargo de ministro da Saúde. Pelo menos foi o que noticiou a grande imprensa no final da tarde desta segunda-feira.

Em meio a uma pandemia, o Brasil tem um ministro da Saúde convidado, que nunca assumiu, e um ex-ministro que nunca deixou o cargo. Enquanto morrem brasileiros aos milhares, o País tem dois ministros da Saúde e, ao mesmo tempo, não tem nenhum.

Centrão
Pelos movimentos que se observa em Brasília, o que fica evidente é que o famoso Centrão não digeriu nem um pouco a indicação de Marcelo Queiroga. E o presidente Bolsonaro, com todo aquele “queixão”, está receoso de confirmar o convite; ou não tem força política para botar quem quer no Ministério da Saúde.

Nesse mar de incertezas quanto ao seu futuro no governo, o cardiologista Marcelo Queiroga segue amargando humilhações, críticas e, agora, a péssima repercussão sobre a sua condição de réu em ação penal por crime
contra o patrimônio público.

O convite
Independente da situação vexatória de agora, dadas às circunstâncias do convite de Bolsonaro, nada foi positivo para o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga. Naquele contexto, era notório que só viria desgaste para o cardiologista.

Primeiro, ele só foi convidado depois que a médica Ludhmila Hajjar recusou o cargo por rechaçar o negacionismo à ciência e não acreditar em Cloroquina como alternativa preventiva à Covid-19; depois, ao aceitar o convite ficou evidente que estava chancelando um projeto que nega as bases a sua própria profissão; além disso, as suas primeiras declarações denotaram que ele abdicava da autoridade de cientista para se sujeitar aos caprichos de Bolsonaro, que não entende nada de ciência nem de Medicina: “A política de saúde pertence ao governo, não ao ministro…”

Crusoé

De acordo com a mais recente edição da Revista Crusoé, o paraibano Marcelo Queiroga é réu em ação penal contra o patrimônio público.

A coluna transcreve, a seguir, reportagem do Antagonista, com base na denúncia da Crusoé:

“BRASÍLIA – O médico Marcelo Queiroga, indicado para assumir o Ministério da Saúde, é réu em uma ação penal por crime contra o patrimônio público.

Segundo informações publicadas pela Crusoé, o médico foi denunciado por apropriação indébita previdenciária. No início dos anos 2000, ele administrou o Hospital Prontocor, um pronto-socorro cardiológico privado de João Pessoa que tem uma dívida milionária com o governo federal.

De acordo com o Ministério Público Federal, além de Queiroga outros cinco médicos foram denunciados. Na época, o hospital administrado pelo cardiologista deixou de recolher as contribuições previdenciárias descontadas dos salários dos empregados.

Segundo a Crusoé, a dívida atualizada do Prontocor com a União é de 25,5 milhões de reais, conforme a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. O débito previdenciário do hospital gerido por Marcelo Queiroga é de 15 milhões de reais, segundo dados do governo.

A reportagem relata que, na época que foi indicado para a Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS, no ano passado, Marcelo Queiroga teve de entregar dezenas de certidões de nada consta ao Senado, onde tramitava sua nomeação. Ele chegou a dizer que nunca foi sócio da Prontocor. “Trata-se de ação por causa da falta de recolhimento de contribuições previdenciárias devidas pelo Hospital Prontocor, do qual nunca fui sócio. Por sentença proferida em 10 de março de 2017, a acusação foi julgada improcedente”, alegou.

Ainda de acordo com a revista, o futuro ministro apresentou justificativas sobre um processo relacionado a uma investigação contra seus herdeiros – o cardiologista tem um filho quase homônimo, Marcelo Queiroga Filho. Os três filhos do médico possuem um imóvel às margens da Praia de Camboinha, em João Pessoa, situado em um terreno de marinha ilegalmente invadido. Segundo o cardiologista, a área foi doada a seus filhos pelo avô materno. “Não sou executado e nem integro a relação processual formada na ação porque nela o executado é o meu filho”, esclareceu Queiroga na documentação.”

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