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OPINIÃO – O que o brasileiro J. G. Merquior ainda pode nos ensinar?

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José Guilherme Merquior foi uma das mentes mais brilhantes que o Brasil já teve. Nascido em 1941, no Rio de Janeiro, Merquior era desde jovem um estudioso dedicado e talentoso pensador. Tornou-se diplomata e crítico literário e político amplamente conhecido no Brasil e no exterior. Escreveu dezenas de obras e textos jornalísticos. E faleceu, em 1991, vitimado de câncer.

Essa pequena biografia não faz jus à genialidade de Merquior. Contudo, dentre tantas contribuições, Merquior ainda tem algo singular a ensinar ao Brasil de 2021. Nosso diplomata, em sua trajetória intelectual, tornou-se defensor de uma visão de país, conhecida como “liberalismo social”.

Em seu “liberalismo social”, Merquior defendia duas coisas fundamentais: o Estado brasileiro precisa ser refuncionalizado e o Estado brasileiro deve atribuir liberdade de oportunidades para os mais desfavorecidos.

Em primeiro lugar, na década de 1980, Merquior entendia que o Estado brasileiro estava muito presente em algumas áreas que não deveria estar e pouco presente em outras. O Estado tinha muitas estatais e serviços secundários que poderiam ser privatizados sem prejuízo à população. E deveria se dedicar, principalmente, à promoção de saúde, educação e segurança pública de qualidade.

Em pleno 2021, ainda temos um Estado detentor de dezenas de empresas estatais, muitas que dão prejuízo, e criador de crescente burocracia para empresários e cidadãos em geral que travam negócios e promovem uma cultura de judicialização de conflitos. Enquanto isso, nossa educação, saúde e segurança públicas ainda têm um longo caminho de melhoria a percorrer.

Em segundo lugar, Merquior nos alertava, nos fins dos anos 80, que o Brasil era um grande reino de profunda desigualdade social. De fato, a desigualdade social não é algo ruim por si. Quem trabalha mais e se dedica mais tende a se tornar mais bem sucedido. Contudo, a desigualdade social no Brasil sempre foi alarmante pela sua profundidade. O país tem amplos contingentes populacionais na extrema miséria ou em situação de pobreza em que os indivíduos não têm condições mínimas para buscar melhoria de vida. É para esses indivíduos que o Estado deveria atuar no sentido de dar-lhes mais oportunidades e condições para buscarem uma melhoria de vida.

Em 2020, um auxílio emergencial de R$ 600,00 elevou significativamente o nível de condição básica de milhares de pessoas. Foram mais de 60 milhões de pessoas precisando do auxílio. Quase um terço da população. É um escândalo! É preciso de mais condições e oportunidades para que os mais desassistidos busquem sua melhoria de vida. É preciso mais liberdade econômica para se gerar mais empregos, enquanto o Estado se preocupa mais em garantir condições e oportunidades mínimas aos mais vulneráveis.

J. G. Merquior ainda tem muito a ensinar. Sua perda foi uma tragédia para esse país. Ainda assim, seus escritos apontam alguns caminhos para que o Brasil deixe de ser sempre o país do futuro e se torne um país melhor no presente.

Anderson Paz

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