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Opinião: Trabalhei quando criança e não morri. Mas sou totalmente contra o trabalho infantil

O presidente Jair Messias Bolsonaro não acerta uma. Pense num “mito” desorientado!..

A sua mais nova preocupação externada em público vai bater o recorde dos equívocos de sua gestão à frente do governo brasileiro: a descriminalização do trabalho infantil no Brasil, na contramão dos tempos atuais e da nossa Carta Magna. Mas que isso: se opondo a uma concepção e orientação universais que se manifestam em movimentos sociais, palestras, discussões, legislações compatíveis dos novos tempos no Plenário da ONU.

Curioso foi o argumento de que o presidente lançou mão para justificar a sua proposta ridícula: o surrado chavão “o trabalho dignifica o homem e a mulher, não interessa a idade”.

Convém lembrar que dois provérbios bastante conhecidos têm tudo a ver com o nazismo: este de que “o trabalho dignifica o homem” e o outro segundo o qual “ninguém faz a omelete sem quebrar os ovos”.

O tal adágio inerente ao trabalho remonta ao campo de concentração nazista de  Auschwitz, onde crianças foram assadas como galeto nos infernais fornos crematórios. No frontispício daquele lugar horripilante estava escrito: “O trabalho dignifica o homem”.

O outro ditado popular sobre ovos e omelete foi dito por um general nazista para, perante um mundo indignado com aquele extermínio infantil, justificar a crueldade inexplicável e inaceitável.

Descriminalizar o trabalho infantil pode legalizar a escravidão de crianças, como acontece em países asiáticos e africanos. Crianças pobres, diga-se de passagem, porque criança rica não tem necessidade de trabalhar.

Gostaria de perguntar a sua excelência se seus filhos menores, dentre eles, uma menina de oito anos, iria trabalhar?

Comecei a trabalhar com treze anos de idade, como mensageiro, no Centro Telefônico da Telpa, em Serraria- PB, minha terra natal. Foi bom, ganhei meu dinheirinho e não morri. No entanto, na mesma época e na mesma Serraria crianças eram exploradas a partir de quatro anos de idade, puxando cobra pros pés com enxadas de libras incompatíveis com a sua estatura física. Eram menores explorados ou pelos pais ou pelos fazendeiros, quando não, por ambos.

Passado todo esse tempo, o que hoje vejo por aqui é uma legião enorme de analfabetos, pobres e de uma aparente velhice que não corresponde à sua idade biológica. Em suma, estes de hoje são àquelas crianças que no passado foram exploradas no trabalho pesado e que não tiveram a chance de brincar, de estudar e que, pela falta de conhecimento, não foram dotadas de capacidade de competir no mercado de trabalho quando atingiram a idade em que podiam e deviam trabalhar.

Agora imagine a situação, por exemplo, de crianças que são escravizadas nas olarias e nas carvoarias Brasil à fora.

Para arrematar: se crianças ricas ou de classe media alta tivesse que trabalhar, vocês acham que Bolsonaro e este segmento privilegiado defenderia o trabalho infantil? Vá esperando…

No mundo

Hoje temos mais de 168 milhões de crianças trabalhadoras no planeta, apesar de todo o movimento mundial em favor da erradicação do trabalho infantil.

Se este continente fosse uma nação, seria a 7° mais populosa do mundo.

Nós
No Brasil temos mais de 3 milhões de crianças trabalhadoras, apesar de nossa Constituição não permitir.

Wellington Farias
PB Agora

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