Categorias: Brasil

OPINIÃO: Um ministro do STF e a liberdade religiosa

PUBLICIDADE

No último sábado, 03 de abril de 2021, o ministro Nunes Marques do STF decidiu, de forma provisória, que estados, municípios e o DF não podem proibir celebrações religiosas presenciais em meio à pandemia de coronavírus. Desde então, muito tem se discutido sobre o teor da decisão: deve-se permitir celebrações religiosas presenciais no momento atual de agravamento da pandemia de Covid-19?

Apesar da importância e complexidade dessa questão, esse texto se dedica a questionar: a decisão do ministro Marques foi acertada sob o prisma institucional? Essa questão importa porque se um ministro pode decidir questão de direito fundamental de modo contrário à determinação do colegiado do Supremo, temos uma potencial instabilidade institucional.

O Supremo, em abril de 2020, decidiu, de forma colegiada, que governadores e prefeitos tinham a competência de determinar regras de isolamento e quarentena em meio à pandemia de Covid-19. Essa decisão do STF, apesar das polêmicas levantadas, representou um passo no sentido de descentralizar o poder federativo do Executivo Federal. Foi uma decisão por menos Brasília e mais poder às decisões locais.

Não cabe aqui discutir se essa decisão da Corte foi boa ou não. Contudo, é preciso destacar que a decisão foi tomada pelo colegiado do Supremo. No conflito federativo sobre as decisões a serem tomadas para lidar com a pandemia, os ministros decidiram, conjuntamente, que estados e municípios poderiam decidir sobre medidas de isolamento social.

Podemos, dessa forma, retomar nossa questão: a decisão do ministro Nunes Marques em restringir a ação de estados e municípios para proibir celebrações religiosas presenciais no período da pandemia foi acertada sob o prisma institucional?
Um sonoro “não” é a resposta. Parte significativa da população tem reclamado que temos um Supremo com ministros “ativistas”. Contudo, quando um ministro decide em sentido a favorecer a vontade de determinado grupo, mesmo indo de encontro à decisão colegiada, aqueles que concordam com a decisão logo esquecem do problema do “ativismo”.

O ministro Marques decidiu contra o plenário da Corte, de modo liminar. Isso representa a concentração de poder na mão de um ministro que vai de encontro ao colegiado do Supremo. Em resumo, em 2020, os ministros do STF, de modo conjunto, redistribuíram o poder federativo para estados e municípios, porém, em 2021, um ministro decidiu reconcentrar o poder em suas próprias mãos ao decidir sozinho matéria de direito fundamental em meio à pandemia.

Um ministro e uma decisão contrária ao entendimento do colegiado do Supremo resultam em instabilidade institucional e imprevisibilidade jurídica. Como pode um ministro de uma Corte ir de encontro ao próprio Supremo enquanto órgão colegiado? Às vezes, o Supremo parece modernizar o Estado brasileiro, mas se o próprio Supremo não se modernizar, diminuindo o poder das decisões individuais dos ministros, a instabilidade institucional só tende a aumentar, pois em cada cabeça de juiz há um mundo e uma sentença.

Por Anderson Paz

PUBLICIDADE

Últimas notícias

Mais de 20 vereadores manifestam apoio e Dinho consolida caminhada rumo à reeleição na Mesa Diretora da CMJP

O presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, Dinho Dowsley, esteve reunido nesta segunda-feira (25)…

25 de novembro de 2024

Família de vítima anuncia recompensa de mil dólares para quem localizar Fernando Cunha Lima, foragido por abusos sexuais

Nesta segunda-feira (25), a família de uma das possíveis vítimas do pediatra Fernando Cunha Lima, …

25 de novembro de 2024

Líder do governo na ALPB, Chico Mendes confirma permanência de Dr. Eduardo na base e contabiliza até 25 deputados no grupo

O deputado estadual Chico Mendes (PSB), líder do governo na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB),…

25 de novembro de 2024

Fique em Dia com a Cagepa: negociação de débitos entra na última semana

Mais de 50 mil clientes já negociaram seus débitos na campanha Fique em Dia com…

25 de novembro de 2024

Aberto período de renovação de matrículas para alunos veteranos em escolas municipais de JP

A Secretaria de Educação de João Pessoa está com o período de renovação de matrículas…

25 de novembro de 2024

Veneziano e Nilda Gondim participam de inauguração de ala SUS na FAP

Senadores reafirmaram compromisso de apoio e destinação de emendas à instituição. O Hospital da Fundação…

25 de novembro de 2024