Polícia estipula fiança para soltar alunos e invasores de prédio da USP
Nove alunos e três invasoras estariam morando irregularmente no Crusp. Detidos pela PM durante reintegração de posse terão de pagar R$ 2.500.
O delegado plantonista Noel Rodrigues de Oliveira Júnior, do 14º Distrito Policial, em Pinheiros, arbitrou em R$ 2.500 o valor total da fiança para todos os alunos e invasores da moradia da USP, na Zona Oeste da capital, terão de pagar para serem soltos. O montante será dividido entre as 12 pessoas detidas pela Polícia Militar durante a ação de reintegração de posse de parte do bloco G do Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), na manhã deste domingo (19). Todos estavam dentro do imóvel.
De acordo com a Polícia Civil, nove alunos (seis homens e seis mulheres – uma delas grávida) da USP e três namoradas deles (sendo uma adolescente) foram detidos pela PM por desobediência e dano ao patrimônio público. A menor de 18 anos de idade apreendida durante a reintegração foi liberada e encaminhada aos pais após ter sido ouvida na delegacia.
Por decisão da Justiça, a PM cumpriu a reintegração de posse de parte do bloco que estava ocupado ilegalmente.
Polícia Civil
Segundo o delegado Oliveira Júnior, do 14º DP, as 12 pessoas foram detidas por desobediência porque se recusaram a sair do prédio invadido quando a PM solicitou. E também vão responder por dano ao patrimônio público porque teriam quebrado vidraças da USP.
A advogada Ana Lúcia Marchiori, que representa os interesses de um sindicato ligado aos alunos, estava providenciando o pagamento da fiança para que todos respondam aos crimes em liberdade. Até as 14h50, os estudantes continuavam presos no 14º DP.
Ação truculenta
Outros alunos do Crusp que foram à delegacia em apoio aos colegas detidos e que conversaram com o G1 afirmaram que a ação da PM foi truculenta, com o uso de balas de borracha, e pegou a todos de surpresa.
“Os alunos começaram a jogar lixo na polícia em represália a ação, mas a PM reagiu com balas de borracha e quebrou vidros de janelas. Tinha um efetivo grande com demonstração de força desnecessária. É preciso dizer que os alunos presos estavam na moradia estudantil porque a demanda é grande e não há vagas para todos. Eu acho um absurdo essa reintegração surpresa”, disse Willian Santana, de 20 anos, estudante do segundo ano de Ciências Socias e morador do Crusp.
Um estudante da USP que mora num dos prédios da moradia afirmou ao G1 que a reintegração começou por volta das 4h. “Ouvi gritos de ‘coxinha, coxinha!’ [apelido pejorativo da PM]. Quando olhei, outros alunos começaram a arremessar pedras no prédio do Crusp. Não vi eles atirando contra a PM. Também não vi a PM agredindo ninguém. Acho que só teve essa confusão, mas já acabou”, afirmou por telefone o aluno que pediu para não ter seu nome divulgado.
O que diz a PM
O major Marcel Soffner, porta voz da PM, informou que a reintegração foi feita entre 6h e 7h deste domingo. Ele também negou que a ação policial tenha sido truculenta. “Houve um disparo de bala de borracha em direção a uma parede para causar um efeito moral, efeito de dissipação porque os alunos arremessavam pedras contra a tropa”, disse Sofner. De acordo com o oficial da Polícia Militar, 300 policias militares do 16º Batalhão e da Tropa de Choque da PM e 50 carros da corporação participaram da reintegração.
USP
Segundo alunos que estão no 14º DP, o bloco G do Crusp deverá ser desativado para funcionar como administração de assistência social da universidade, não sendo permitido que ninguém more ali. Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa da USP informou que a universidade não irá comentar o assunto a respeito da reintegração de prisão dos alunos.
G1