As principais queixas referentes à Black Friday dos últimos anos têm sido em relação às ofertas, como maquiagem de preços e divergência de valores, segundo levantamento do site Reclame Aqui. A data de promoções um mês antes do Natal acontece nesta sexta-feira (23). O G1 está publicando uma série de reportagens nesta semana sobre o assunto.
De acordo com Edu Neves, CEO Brasil do Reclame Aqui, de 2012 a 2014, era comum o consumidor reclamar de problemas técnicos, como fila nas lojas virtuais, sites que caíam e produtos que sumiam do carrinho de compra. A partir de 2015, as lojas mais preocupadas com a reputação investiram para evitar esses problemas técnicos e as reclamações passaram a ser sobre as promoções.
A propaganda enganosa foi o principal motivo das reclamações nas últimas três edições do evento, segundo a empresa.
Esse problema recorrente inclui a maquiagem de preços, que levou os consumidores a apelidarem o evento de “Black Fraude” nas edições anteriores. A prática da maquiagem, também conhecida como “metade do dobro”, consiste em aumentar os preços antes da data do evento para depois baixá-los e nomeá-los como “superdescontos”. A propaganda enganosa também inclui a diferença dos preços anunciados no momento da compra e na hora do pagamento do pedido.
“Até o dia do evento, propaganda enganosa é o maior motivo de queixa. Logo depois, começam a crescer as queixas sobre atraso na entrega, por isso, as empresas devem investir mais na logística para atender à alta demanda, porque para elas a Black Friday continua depois da sexta-feira de promoções”, comenta Neves.
Segundo ele, o consumidor precisa ficar atento com esse cenário do prazo de entrega, pois algumas lojas escolhem a transparência e divulgam para seu cliente que os prazos serão maiores. “Ou seja, se uma marca prometer prazos curtos de entrega na Black Friday, é preciso ficar atento se é um grande player, porque o atraso mais uma vez deve ser um dos maiores problemas, uma vez que a expectativa é que tenhamos um aumento nas vendas e nas reclamações este ano”, afirma.
Segundo o Reclame Aqui, o número de reclamações aumentou 20,6% em 2017. O aumento veio após quedas nas edições de 2015 e 2016, puxado justamente pela propaganda enganosa. Ao longo das 24 horas das promoções, segundo o site, os consumidores relataram “ofertas com descontos de saldão de fim de ano”, sem os descontos esperados de mais de 50%. O balanço final acompanhou as reclamações desde as 18h de quinta até a meia-noite da sexta-feira.
Para Neves, as marcas que cuidaram de suas reputações antes da Black Friday deste ano vão vender mais porque é nelas que o consumidor confia.
Uma enquete feita pelo Reclame Aqui na semana passada com 7,9 mil participações mostra que 69,7% dos consumidores perceberam que as empresas anteciparam ofertas da Black Friday, e 29,3% deles disseram que flagraram aumento no valor em alguns produtos. “Ou seja, o consumidor já entendeu o evento e onde estão as pegadinhas”, diz Neves.
Outro levantamento do site feito na segunda quinzena de outubro mostrou que, para 51%, a data de descontos é pouco ou nada confiável. Apenas 2,8% acham muito confiável.
O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, está investigando possível aumento de preços no período que antecedia a Black Friday do ano passado. Essa alta pode indicar que boa parte dos descontos anunciados nos sites dessas lojas não representa, de fato, redução.
G1
Foto: Foto: Reprodução/Procon TO
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