Eu sou negro. Tenho respeito pela minha raça”. Assim Alexandre Pires se manifestou no “Fantástico” deste domingo (13) sobre a suspeita de discriminação racial no clipe de sua música “Kong”. No vídeo, homens negros aparecem vestidos de gorilas e participam o funkeiro Mr. Catra e o jogador de futebol Neymar. “Em momento algum eu imaginei que um dia eu fosse acusado de racismo no meu próprio trabalho”, disse o cantor.
Os três aparecem dançando o refrão “É no pelo do macaco que o bicho vai pegar”. A denúncia de racismo partiu da Secretaria Nacional de Promoção de Igualdade Racial e o vídeo é alvo de investigação do Ministério Público. Na semana passada, o cantor prestou esclarecimentos na Procuradoria.
Segundo Alexandre Pires, a ideia surgiu como uma brincadeira para a internet. “Quando surgiu a música, e a música falava de Kong, me veio à cabeça o quê? O filme do King Kong, que tem aquela cena que ele está cortejando a moça, aquela coisa do personagem do filme. E nisso me veio à cabeça ‘poxa, vamos fazer um clipe dos gorilas, macacos, que estão fugindo da floresta e invadindo uma cidade, onde eles vão entrar num bairro residencial e invadir uma casa’. Foi daí que surgiu essa ideia”, contou o cantor.
Entidades que combatem o preconceito reclamaram do clipe. “Esse clipe reproduz e reforça uma associação negativa. A figura do macaco tem sido historicamente mais utilizada para desumanizar a população negra”, apontou Carlos Alberto de Souza e Silva Jr, ouvidor da Secretaria de Igualdade Racial.
“O primeiro passo foi ouvir o autor da música, e agora o Ministério Público Federal vai ouvir as entidades do Triângulo Mineiro para poder tomar uma decisão a respeito do procedimento ou não”, disse o procurador da República Frederico Pelutti.
Pires acha que a história já deu o que tinha que dar. “Eu sinceramente acho que isso devia parar já. Acho uma bobagem, acho que tem coisas mais interessantes e mais importantes pra gente se preocupar do que um momento de alegria, de descontração que a gente quis passar para as pessoas que acompanham meu trabalho. Só isso”, disse ele.
Ele já havia dito em nota que está “profundamente chocado” com as acusações. “Devemos tratar toda e qualquer brincadeira com macacos e gorilas como uma referência a ser apagada da nossa memória? King Kong, Chita, Monga, eram todos personagens com alguma leitura que não a do genuíno entretenimento? Não me consta que meu histórico deixe alguma dúvida sobre o meu respeito à mulher ou ao negro, e a edição deste filme em nenhum momento faz brotar qualquer insinuação similar”, disse ele na época.
No sábado (12), o cantor usou a internet para agradecer aos fãs pelas demonstrações de apoio.
UOL
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