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Universidade investiga estudantes em foto que faz alusão a vaginas

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 A Universidade Vila Velha (UVV), no Espírito Santo, abriu uma sindicância para investigar um grupo de estudantes de Medicina que publicaram uma foto na internet com as calças abaixadas e fazendo gestos alusivos a uma vagina com as mãos. A imagem foi divulgada nas redes sociais e provocou revolta entre internautas.

 

“Ao tomar conhecimento das fotos divulgadas por alunos em suas redes sociais particulares, a direção determinou que a coordenação de Medicina ouvisse os alunos e os alertasse acerca da gravidade das publicações. Em seguida, foi procedida a abertura de um processo de sindicância para apuração do ocorrido e para penalização dos que vierem a ser responsabilizados”, afirmou a instituição em um comunicado.

Na polêmica imagem, sete rapazes aparecem usando jaleco e estetoscópio, com as calças arriadas e fazendo um gesto com conotação sexual. A publicar a foto em uma rede social, um dos jovens zomba da situação e, inclusive, usou a hashtag “Pintos Nervosos” [sic]. Em uma outra publicação no Facebook — esta criticando a atitude —, os usuários mostraram revolta em relação à postura dos estudantes. Uma mulher, por exemplo, disse ser do Espírito Santo e pediu o nome dos retratados para não “correr o risco de me consultar com algum deles no futuro”. Ela também disse que iria à UVV cobrar providências da instituição.

Entidades que representam médicos também cobraram uma ação por parte da universidade. O Conselho Regional de Medicina do Estado do Espírito Santo (CRM-ES) afirmou, em nota, ter participado de uma reunião com a coordenação do curso nesta segunda-feira (10/4). Esta, por sua vez, comprometeu-se a convocar os estudantes nesta terça-feira (11/4) para esclarecer “a seriedade do caso e o flagrante desrespeito à ética profissional.”

Já o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) avaliou que esta é uma prática “comum em épocas de formatura” e pediu que as instituições de ensino aproveitem o momento para discutir essa postura com seus estudantes. “O Simes insiste que este não seja tratado como um caso isolado […] É de extrema importância lembrar desse caso como ponto de partida para lapidar o estudante de Medicina, para que o mesmo entre no mercado de trabalho consciente de todas as responsabilidades que a função exige”, ponderou a entidade em nota.

Confira o comunicado da UVV na íntegra:

“A Universidade Vila Velha repudia todas as formas de ofensa e desrespeito, seja de cunho preconceituoso ou exposição indevida de uma profissão. Somos uma Universidade comprometida com a educação e com uma formação cidadã. Procuramos desenvolver em nossos alunos valores éticos e morais.

Ao tomar conhecimento das fotos divulgadas por alunos em suas redes sociais particulares, a direção determinou que a coordenação de Medicina ouvisse os alunos e os alertasse acerca da gravidade das publicações. Em seguida, foi procedida a abertura de um processo de sindicância para apuração do ocorrido e para penalização dos que vierem a ser responsabilizados.

Deixamos claro que os atos dos alunos foram iniciativas pessoais e em completo desacordo com orientações que recebem dos professores e coordenadores da instituição ao longo da sua formação acadêmica.”

Confira a nota do CRM-ES na íntegra:

“Em função de fotos veiculadas nas redes sociais que mostram um grupo de estudantes trajando jalecos brancos, com as calças arriadas, fazendo gestos inapropriados e usando palavras (no texto) de baixo calão, o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) realizou, na manhã de hoje (10/4), reunião com a coordenação do curso de Medicina da instituição de ensino onde os formandos estudam e confirmou a autenticidade dos fatos.

Ficou definido, então, que a instituição de ensino aplicará punição compatível com ocorrido e marcará uma reunião para a tarde de amanhã (11/4), em horário a ser definido pela coordenação, com todos os alunos envolvidos, para que o CRM-ES esclareça sobre a seriedade do caso e o flagrante desrespeito à ética profissional.

Se os envolvidos fossem médicos, mesmo que recém-formados, caberia ao Conselho abrir sindicância e, confirmado indícios de infração do Código de Ética Médica, haveria um consequente Processo Ético Profissional, cuja punição varia de advertência à cassação do registro de médico.

O CRM-ES tem adotado ações administrativas, por meio de palestras, para orientar médicos e estudantes sobre a ética profissional. Durante o ano, conselheiros vão às faculdades para alertar sobre a importância da boa postura profissional e, inclusive, realizam julgamentos simulados para mostrar aos recém-formados e futuros médicos a importância da boa prática médica e as ações do Conselho de Medicina.”

Confira a nota do Simes na íntegra:

“O recente caso dos graduandos em medicina, de uma universidade da Grande Vitória, expondo uma brincadeira em suas redes sociais, chocou a classe e a opinião pública em todo o Estado e tomou proporções nacionais. Tomamos conhecimento que a brincadeira não é exclusividade destes que foram expostos, mas uma recorrência em épocas de formatura, com a participação de estudantes homens e mulheres em algumas partes do país.

Para o álbum fotográfico de formatura dos alunos de sexto ano, o grupo de amigos posou com as calças nos pés e fazendo gestos com conotação sexual – uma brincadeira que excede aquilo que se considera politicamente correto. A pressão popular com requintes de revolta se espalhou pelas redes sociais e os estudantes foram expostos para todo o Brasil, com uma brincadeira que acabou se tornando uma ofensa à própria função do médico.

É importante alertar à classe médica e à população que os alunos extrapolaram os limites da figura do médico, com suas figuras pessoais. O médico tem papel público e social, deve passar segurança e seriedade aos seus pacientes. A ética médica precisa ser fomentada em todos os níveis envolvidos.

Dessa forma, não cabe, no momento, apontar para os estudantes buscando culpá-los por suas atitudes. O achincalhamento com suas imagens já é dano irreparável para suas respectivas carreiras. O momento é de solucionar esse tipo de conduta.

O Sindicato dos Médicos do Espírito Santo acredita que essa é a hora para que o diálogo entre nossa entidade e as instituições que atuam na formação dos médicos se inicie. O Simes quer saber em qual intensidade o Código de Ética Médica é destrinchado durante a formação dos médicos. Na grade curricular destes estudantes, com que frequência se discute a conduta e a postura do médico perante à sociedade? As faculdades reforçam as relações de trabalho entre médico e paciente? Quantas palestras sobre Ética Médica são ofertadas aos estudantes de medicina por semestre?

O Simes insiste que este não seja tratado como um caso isolado. Não esqueçam dos rapazes que arriaram as calças em pose pra foto de formatura. Contudo, não o façam de maneira negativa. É de extrema importância lembrar desse caso como um ponto de partida para lapidar o estudante de medicina, para que o mesmo entre no mercado de trabalho consciente de todas as responsabilidades que a função exige.

Conforme aponta o Conselho Federal de Medicina, no Código de Ética Médica, ‘[…] ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina, bem como pelo prestígio e bom conceito da profissão’.”

Correiobraziliense

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