Categorias: Brasil

Urbanistas polemizam tombamento de Brasília

PUBLICIDADE

Em janeiro deste ano, grande parte da opinião pública de Brasília voltou-se contra um dos criadores da cidade, Oscar Niemeyer. O arquiteto propôs a construção de mais um monumento para celebrar os 50 anos de Brasília, a “Praça da Soberania” que em frente à rodoviária do Plano Piloto abrigaria, além de um obelisco em forma de triângulo, o “Memorial dos Presidentes” e um estacionamento subterrâneo para 3 mil carros. Com menos de um mês de polêmica, Niemeyer desistiu do projeto.

Contra a nova obra do arquiteo usou-se o argumento de que o monumento impediria aos usuários da rodoviária a visão plena da Esplanada dos Ministérios e do Congresso Nacional. Assim, a proposta contrariava o tombamento da cidade. O curioso do episódio é que Niemeyer em defesa do projeto se posicionou contra o tombamento e argumentou que mudar é uma característica inerente das cidades.

A arquiteta Regina Meyer, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), também se posiciona contra o conservadorismo do tombamento. “Não se pode tombar uma cidade. Isso aí é de um equívoco extraordinário: decretar a paralisação”, opina explicando que arquitetos e urbanistas defendiam o tombamento desde a época da ditadura militar (1964-1985), pois “temiam que o plano fosse desvirtuado”.

Regina Meyer ainda avalia que é necessário a cidade ter alguma margem para transformação. “A cidade do futuro tem que ter um lugar para aquilo que o futuro nos dará. É preciso algum grau de plasticidade para receber o novo.”

Para Lucídio Guimarães Albuquerque, ex-aluno de Lúcio Costa na antiga Universidade do Brasil (RJ), “Brasília não foi tombada por capricho, não se pode polemizar sobre uma coisa dessas. A cidade deu certo como projeto. Não é uma invenção tola”. Ele fez parte da antiga Comissão de Localização da Nova Capital em 1954.

O geógrafo Aldo Paviani, professor da Universidade de Brasília (UnB), avalia que “o traçado urbanístico de Brasília era espetacular”, o problema foi a improvisação ao redor de Brasília, feita desde o início “a solavanco”, como no caso da criação de Taguatinga, primeira e maior cidade-satélite do DF (hoje região administrativa).

Para Silvia Ficher, arquiteta e professora da UnB que polemizou contra a Praça da Soberania, “o tombamento não engessa a cidade, mas fazem disso um bicho de sete cabeças”. Em sua avaliação, “a área tombada é a que tem menos problemas”, diz apontando a necessidade de se pensar mais na qualidade de vida nas outras regiões administrativas.

Agência Brasil

 

 

PUBLICIDADE

Últimas notícias

Motoristas de dois veículos são indiciados por morte de jovem após queda de carro nos Bancários

A Polícia Civil da Paraíba concluiu nesta sexta-feira (27) o inquérito policial sobre o caso…

27 de dezembro de 2024

Mulher detida ilegalmente na PB ganha liberdade após sete meses presa

A Defensoria Pública do Estado Paraíba (DPE-PB) garantiu o alvará de soltura para uma mulher…

27 de dezembro de 2024

Motociclista é detido pela PRF em Mamanguape após ser flagrado com moto com chassi adulterado

Em mais uma ação de combate à criminalidade, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Paraíba…

27 de dezembro de 2024

IBGE: Desemprego em novembro chega a 6,1%, o menor desde começo da série histórica em 2012

A taxa de desocupação no Brasil chegou a 6,1%, com o recuo de 0,5 ponto…

27 de dezembro de 2024

PM resgata jovem prestes a ser executado por traficantes em João Pessoa por conta de dívida de R$ 30

A Polícia Militar da Paraíba, por meio da Força Tática do 5º Batalhão, evitou uma…

27 de dezembro de 2024

Insatisfeito, Chico do Sindicato estaria planejando deixar presidência do Avante em João Pessoa

O vereador Chico do Sindicato, atual presidente do Avante em João Pessoa, teria confidenciado a…

27 de dezembro de 2024