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3º Festival de Cinema de Rua de Remígio acontece a partir de hoje com exibições on-line

Em tempos de pandemia do novo corona vírus, um festival de cinema online. O Festival de Cinema de Rua de Remígio nasceu como fruto da extensão do Festival Audiovisual de Campina Grande, o Comunicurtas UEPB, que chegou à cidade no ano de 2017 com uma Mostra Itinerante. Fez tanto sucesso entre a população local que, no ano seguinte, um grupo de jovens artistas resolveu promover o 1º Festival de Cinema da cidade. O nome do evento faz alusão ao fato da cidade se orgulhar e manter em funcionamento ininterrupto a sua sala de exibição de filmes. Há cerca de 10 anos, o empreendedor Regilson Cavalcante mantém em funcionamento o único cinema de rua da Paraíba, o Cine RT.

Realizado pela Associação Cultural Pedra da Letra, com o apoio da Prefeitura Municipal da cidade de Remígio e da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o festival conta com a colaboração das produtoras Ypurana Cultural, Toco Filmes e Ágora Projetos, além do suporte dos festivais Comunicurtas UEPB e FESTCIMM (Festival Internacional de Cinema do Meio do Mundo – SP).

Este ano, o Festival de Cinema de Rua de Remígio acontece de 13 a 16 de maio e visa difundir a produção cinematográfica e incentivar produções audiovisuais locais, regionais e nacionais. Será composto por sessões de exibição de filmes, debates, palestras, oficinas, webnários e lives, tudo no formato online, com acesso através dos canais virtuais do Festival no Youtube, Facebook e Instagram, diante do momento especial vivenciado no País, em decorrência da pandemia de Covid-19, que está impondo à sociedade um inédito isolamento social.

Assim, os organizadores do evento pensaram em uma composição marcadamente cheia de desejos para as três mostras do 3º Festival de Rua de Remígio. A edição 2020 do festival apresenta-se cheio de contradições, mas não menos curioso e pulsante. Esse será o primeiro “festival de rua” em que o núcleo das ações serão ditadas pela comunicação online. E, em lugar da rua, do escuro de uma sala de exibição e da pipoca, haverá um webcinema onde cada um possui um lugar singular e modo de ser espectador.

O público será presenteado com sessões cujos filmes possuem uma capacidade original de levar à diversão, sensibilidade e reflexão, mas não deixa de marcar uma proposta que possa dar liga às ansiedades, solidões e, sobretudo, ao desejo pujante do convívio social. Esse conjunto de desejos crava um perfil para a realização do festival: fazer do isolamento um encontro cheio de convívios projetados no que os filmes apresentam.

As recentes transformações socioculturais, o recrudescente ataque à democracia, o álibi moral e a poiesis do espírito humano se coadunam em temas que dão o espírito dessa edição do festival. Não haverá o escuro da sala, nem a satisfação dos sorrisos, mas vigorará o play, o clique conectado no aconchego dos lares. E, por isso mesmo, o desejo é que cada filme possa fazer renascer novas maneiras de nos relacionarmos com aprendizados que inspirem o convívio, que é a lei que constrói a humanidade.

O festival será realizado em três mostras: a Mostra Pedra de Letra – Panorama Nacional, que contempla produções audiovisuais de ficção e documentais com temáticas diversas que dialogam com a diversidade brasileira e abordagens contemporâneas de criações livres sobre a cultura nacional; a Mostra Arribaçã – Panorama Regional, que apresenta produções audiovisuais de ficção e documentais voltados para abordagens regionais, locais, dos costumes e de práticas de convivências de populações locais; e a Mostra Especial, na qual constam de filmes do projeto Cinema Instantâneo, com edições desenvolvidas em municípios interioranos deste nosso país.

Esta terceira edição do Festival de Cinema de Rua de Remígio presa homenagem à atriz e militante pelos Direitos Humanos, Fernanda Benvenutty; ao ator Thardelly Lima; e à atriz Suzy Lopes. Nascida em 1962, mulher trans e negra, Fernanda estudou Enfermagem e dedicou toda sua vida a militância pelos direitos LGBTs. Foi fundadora e presidente da Associação das Travestis da Paraíba (Astrapa) e vice-presidente da Articulação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra). Foi uma das primeiras vozes a lutar contra a homofobia na Paraíba, o que a levou à conferências em Brasília, exigindo medidas do Congresso para o combate ao preconceito. Aos 14 anos, Fernanda fugiu com um circo, tornando-se atriz e bailarina. Na época, sofria em casa a falta de compreensão dos pais e familiares. A passagem circense na cidade brotou na ativista o gosto pelos sonhos de Carnaval, fundando em 2004 a agremiação carnavalesca Império do Samba.

Redação com assessoria

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