Os escombros do Cine Capitólio escondem uma história de nostalgia na época de ouro do cinema. O tempo foi cruel e implacável com a principal casa de espetáculos da cidade. As ruínas do velho prédio, denunciam o abandono e a falta de sensibilidade dos poderes públicos em guardar da memória da cidade.
As paredes antigas, estão carcomidas pelo tempo, e o madeiramento não existe mais. Desmoronou e foi destruído pelo sol e chuva. Dentro do Cine o matagal tomou conta. A sala de projeção só existe na memória dos campinenses que nos anos 70 e 80 assistiram grandes clássicos do cinema mundial e as maiores bilheterias da época. A fachada não é a mesma, e o local onde antes eram expostos os cartazes dos filmes, hoje é ponto de mototaxi ou de camelô.
O coordenador da Defesa Civil em Campina Grande, Ruíter Sansão, disse à Rádio Caturité AM que atualmente “há um risco alto” de desmoronamento das paredes do antigo Cine Capitólio, no centro da cidade, o que requer “monitoramento diário” por parte do órgão municipal que comanda.
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), o cine Capitólio deve passar por uma requalificação e revitalização. Para isso o Iphaep já recorreu ao Ministério Público e que que a reforma respeite as normativas patrimoniais e a memória da cidade.
A intervenção do Ministério Público atendeu à solicitação do Iphaep, responsável pela preservação histórica e patrimonial do bem, “que há anos permanece abandonado e sem perspectiva de requalificação”, explicou a diretora do Iphaep, Cassandra Figueiredo. “Na ocasião, nossa equipe apresentou propostas para que a PMCG possa efetivar o projeto de recuperação do Cine Capitólio”, completou.
Segundo a gestora, a solicitação junto ao Ministério Público Estadual ocorreu após diversas tentativas, sem sucesso, para que fosse efetivada uma reunião técnica, com o objetivo de que se apresente uma proposta de projeto que permita a revitalização do bem tombado.
“A Promotoria do Meio Ambiente de Campina Grande, na pessoa do promotor José Eulâmpio, de forma célere e efetiva, convocou o governo municipal de Campina Grande, no sentido de que, sob a égide do Ministério Público, ocorresse essa audiência, com um único objetivo: promover os encaminhamentos necessários para que aconteça a preservação e requalificação do Cine Capitólio”, explicou Cassandra Figueiredo.
O historiador Josemir Camilo escreveu um artigo recente alertando para o abanono do prédio. Lembrou que ele estava nesta luta por estudos e preservação desde o fim da década de 90, quando a Procuradoria do Patrimônio pediu o apoio do Departamento de História e Geografia da UFPB, campus II para um levantamento e estudos do patrimônio histórico e arquitetônico de Campina.
Pessoalmente, o historiador foi mais longe, quando ocupou a direção do Museu Histórico, em 1986. Nesse tempo ele conta que aprendeu muito com o pessoal do IPHAEP, onde até chegou a apresentar comunicação sobre o patrimônio industrial de Campina
O Cine Capitólio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, por meio do Decreto nº 20.905/2000. Também faz parte do perímetro de delimitação do Centro Histórico de Campina Grande, conforme o Decreto Estadual nº 25.139/2004.
O proprietário do bem cultural é a Prefeitura Municipal de Campina Grande, que, segundo a lei patrimonial vigente no Estado da Paraíba, é o responsável por apresentar, junto ao Iphaep, um projeto de recuperação e requalificação do imóvel histórico.
O 'Cine-Theatro Capitólio' foi inaugurado em 20 de novembro de 1934, no cruzamento das ruas Floriano Peixoto e Irineu Joffily. Além da exibição cinematográfica, o Capitólio era o palco dos grandes eventos teatrais, festas sociais, políticas e culturais da época., Seu primeiro filme exibido foi “Cavaleiros de Ouro”, musical estrelado pelos atores americanos Dick Powell e John Blond.
Além da exibição cinematográfica, o Capitólio era o “multiplex” daquela época, sendo palco dos grandes eventos teatrais, festas sociais, políticas e culturais.
Em 2013 a Defesa Civil recomendou ao Ministério Público a demolição do prédio abandonado no Centro da cidade onde funcionava o cinema desativado na década de 90.
Severino Lopes
PB Agora
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