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Em livro, Gianecchini fala do câncer,e da vida amorosa

 Depois de meses sem dizer uma palavra sobre sua vida, no período em que ficou internado para tratar de um linfoma não Hodgkin, entre o final de 2011 e o começo deste ano, Reynaldo Gianecchini, de 40 anos, viu que não havia problema em compartilhar suas experiências e contar tudo em Giane – Vida, Arte e Luta, escrito pelo jornalista Guilherme Fiuza, que ele lança esta semana.

“Bem contada, a história de todo mundo vale a pena dividir. Mas as pessoas têm de ter, no mínimo, coragem. A minha história é sem a pretensão de ser inspiradora para ninguém”, avisa. O ator afirma que o livro não tem como propósito servir de autoajuda para quem encarou um câncer, como ele.

“Não é um livro para me enaltecer, me tratar como super-homem. É para mostrar as dificuldades, os defeitos e os atos politicamente incorretos”, explica Giane, que em uma das passagens narra o episódio em que uma fã o irritou ao pedir que ele tirasse boné para fazer uma foto. O artista, impaciente, disse que só aceitaria o pedido se ela ficasse sem camisa.

De maneira não linear, o livro intercala a fase do tratamento médico com lembranças do passado, desde a infância em Birigui, no interior de São Paulo, passando pela época em que trabalhava como modelo, período em que conheceu a apresentadora Marília Gabriela, com quem foi casado. Para relembrar a própria história, Gianecchini teve longas sessões de entrevista com Fiuza.

“Ele não era uma figura familiar para mim”, conta Guilherme Fiuza, que teve uma impressão diferente do ator ao conhecê-lo. “O personagem que vi no Google não era interessante para mim. Porém, percebi que ele era articulado”, relembra o jornalista, que incluiu na publicação os boatos que rondaram o ator, como a história de que ele mantinha supostamente um relacionamento com um dos filhos de Marília Gabriela. “Todas as questões delicadas aparecem. Não evitei abordar. Quando comecei a escrever, vieram me dizer que, na verdade, ele estava com aids. Tive de apurar.”

O biografado tampouco se sentiu incomodado em abordar sua intimidade. “Eu falei tudo. Não tive o menor problema. Desde o começo, a relação de confiança se estabeleceu”, defende. Porém, o fato de haver figuras conhecidas nos relatos o deixou alerta. “Claro que eu tinha a prerrogativa de não aprovar. Como envolve outras pessoas, minha preocupação era não expor ninguém, nem a mim, desnecessariamente. Foi terapêutico. Quando li, não quis mudar nada.”

Fiuza ficou espantado com a disposição de Giane. “Fizemos uma sessão que durou sete horas sem pararmos para almoçar nem para ir ao banheiro”, recorda o jornalista. O autor também ficou admirado com o preparo de Gianecchini, que apesar da doença grave, não aparentava fraqueza. “Nas sessões, eu fumava. Ficava perto da janela tentando abanar a fumaça, mas ele não estava nem aí.”

Mesmo com empenho em relatar suas experiências, Reynaldo Gianecchini relutou em falar sobre a internação. “Deu preguiça porque eu tinha acabado de sair de uma onda oposta, de recuperação, de ser para cima. Mas é sempre bom relembrar o que você passou para colocar em ordem na sua cabeça e tirar as confusões que precisam ser retiradas”, filosofa.

O livro cita sua estreia na Globo, em Laços de Família (2000), em que não se sentia seguro como ator. “Com o tempo, você consegue contar com distanciamento. Eu assistia à novela praticamente com um chicotinho nas costas. Depois, vi de novo, mais condescendente comigo mesmo, tentando achar os acertos e entender a minha trajetória.

Hoje, dá para falar do passado sem ficar me cobrando. O que tinha de ser foi, era o que dava para fazer naquela época. É muito bom hoje em dia falar sem dor.”

Estadão

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