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Eu também sei cantar diz vocalista por trás dos berros do Linkin Park

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Quando apareceu com o Linkin Park, no início da década, o vocalista Chester Bennington teve de abrir caminho no grito – literalmente – para se fazer ouvir entre gargantas mais consagradas e poderosas como as de Jonathan Davis, do Korn, Chino Moreno, do Deftones, ou mesmo Max Cavalera, então no Soulfly.

Era o auge de um movimento que ficou conhecido como “nu metal”, com bandas que misturavam elementos de hip hop ao rock pesado e que ajudaram a renovar o interesse dos adolescentes pelo metal após anos de domínio grunge.

Dez anos e algumas dezenas de milhões de discos vendidos depois, Chester confessa, em entrevista por telefone ao G1 de Phoenix, no Arizona, dias antes da apresentação do grupo no Festival SWU, que se cansou dos berros.

“Estou com 34 anos, virei pai e sou bem menos agressivo do que era. Há uns tempos, eu disse para os caras da banda: ‘Ei, gosto dos gritos e tal, mas isso não é tudo o que sou. Não sou esse pobre coitado que se odeia e que só quer gritar com as pessoas. Eu também sei cantar!'”, lembra, emendando uma piada. “Não fiz isso, de verdade, em nenhum dos nossos discos, mas eu gostaria de tentar.”

A metamorfose de Chester – e do sexteto, que tem no rapper Mike Shinoda sua outra cara-metade – vem escancarada logo nos primeiros 20 minutos do recém-lançado “A thousand suns”, álbum em que as guitarras pesadas cedem espaço para teclados quase new-age e os vocais agressivos de outros tempos são substituídos por vinhetas, corinhos e melodias suaves em faixas como “Burning in the skies” e “Robot boy”.

A ideia de um álbum “conceitual” – nas palavras da própria banda – vinha sendo preparada desde o disco anterior, “Minutes to midnight” (2006), pelas mãos do produtor Rick Rubin, que voltou a trabalhar com o Linkin Park em “A thousand suns”.

“Antes, a gente costumava dobrar, triplicar e até quadruplicar todos os vocais, todo o tempo. E isso dava aquele aspecto doentio, pouco natural às canções. Mas quando começamos a trabalhar com o Rick Rubin, a primeira coisa que ele me disse foi: ‘Não vamos dobrar nenhum vocal seu’. E eu disse: ‘Oh… OK, mas isso é parte do nosso som’. E ele: ‘Sim, mas acho que até hoje ninguém ouviu a sua voz’,” recorda Chester. “E eu topei. No final, acho que acabamos dobrando algumas vozes, mas a maior parte dos vocais está bem crua. E eu gosto assim.”

Por mais que o novo disco tenha, sim, seus momentos mais nervosinhos – especialmente após a segunda metade, com faixas como “Blackout”, “Wretches and kings” e o single “The catalyst” -, Chester acredita que os maiores indícios de mudança não estejam só nos vocais, mais ou menos berrados, mas na própria essência da banda.

“Não sei se você ouve a nossa música ou não, mas tenho que admitir que ‘Hybrid theory’ soa, de fato, como se tivesse sido lançado dez anos atrás. E isso é ótimo, nós estávamos lá, fizemos aquilo e foi demais. Mas éramos adolescentes na época”, reconhece, referindo-se ao primeiro álbum do Linkin Park, lançado em 2000, que acabou se tornando, depois de “Beatles # 1”, o segundo CD mais vendido da década e transformando a banda em um dos nomes mais lucrativos do rock dos últimos anos.
 

“Alguns fãs podem se surpreender que a gente tenha evoluído, mas não queremos continuar reescrevendo a glória dos velhos tempos. Queremos nos desafiar a criar músicas novas e modernas que representem o que estejamos sentindo e quem nós somos no presente.”

Turnê começa pela América do Sul
Preocupados sobre como essa nova fase vai soar em cima do palco, os músicos do Linkin Park fizeram recentemente um primeiro teste de fogo, em Nova York, antes da estreia oficial da turnê de “A thousand suns”, que começa por Buenos Aires, nesta quinta-feira (7), passa por Santiago do Chile, no sábado (9), e chega finalmente ao Brasil, na segunda (11). O resultado, garante Chester, é animador para novos e velhos fãs:

“As novas músicas funcionaram muito bem ao vivo. Muito do que fizemos no álbum soa bem eletrônico, mas nós tocamos essas coisas usando instrumentos. Não será como assistir a um bando de DJs apertando botões em um teclado ou computador”, promete o vocalista. “Tocamos umas quatro ou cinco músicas do novo álbum em Nova York e elas caíram bem com as coisas mais velhas”, disse, listando hits como “Crawling”, “Somewhere I belong” e “Numb” – estas duas últimas de “Meteora” (2003), segundo disco da banda – como parte do possível repertório, que, segundo Chester, foi elaborado com a ajuda da internet.

“Pesquisamos em sites de música para ver as músicas que são mais populares e fizemos uma compilação de todas as coisas que lançamos antes. Acho que as pessoas vão ficar felizes porque vamos tocar muitas músicas que elas querem ouvir”, promete.

G1

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