Um conflito sangrento entre duas famílias surgiu de maneira terrível no ano de 1949, na cidade de Exu, no alto sertão pernambucano (Serra do Araripe). As famílias Alencar e Saraiva estavam envolvidas nesse conflito. Cerca de quase 60 mortes foram registradas ao longo de aproximadamente três décadas, com muitos inocentes sendo vítimas, tanto de um lado quanto do outro. A morte ceifou jovens e adultos, sem misericórdia… 99% das vítimas eram homens. A disputa envolvia questões como posse de terra, política, entre outras.
Líderes como Dom Avelar Brandão (Bispo Primaz do Brasil), reconhecido como um grande reconciliador de muitas causas dentro e fora da Igreja Católica, tiveram participação na resolução desse conflito. Também o cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga, ícone do forró, foi considerado um apaziguador desse conflito, que, graças a Deus, hoje é apenas parte da história.
A Igreja Betel Brasileiro em Exu, com quase quatro décadas de presença naquela cidade, desempenhou um papel importante na união das famílias Alencar e Sampaio. Muitos membros dessas duas famílias aceitaram a mensagem de amor e pacificação do Evangelho na Igreja Betel, passando a ser irmãos e amigos em Cristo Jesus. Alguns até começaram a se casar entre si. Hoje, descendentes dessas famílias estão espalhados por várias partes do Brasil e do mundo, e muitos deles são pastores, missionários e líderes em diversas áreas. Alguns desses descendentes fizeram seus cursos teológicos no Instituto Bíblico Betel Brasileiro.
Curiosidade: A irmã Lídia Almeida sempre defendeu que, mesmo sendo uma cidade de nome oficial Exú, deveríamos chamar a cidade de “Asa Branca”, em referência à linda canção interpretada por Luiz Gonzaga, com autoria dele e de Humberto Teixeira. Essa música é um clássico do baião e um verdadeiro hino do Nordeste brasileiro. A ideia foi levantada em uma reunião em Exu, na presença de autoridades como o juiz da cidade, o prefeito, padres, pastores, entre outros. O padre da cidade presente explicou o significado do nome “Exú” (espírito do mal e da morte). Também estava presente nessa reunião o filho adotivo de Luiz Gonzaga, Gonzaguinha (naquela época, Gonzagão já havia falecido).
Nessa reunião, o pastor Domires Reis, que pastoreava a Igreja Betel na cidade, também se manifestou, afirmando que a explicação do padre estava correta. No final, foi realizada uma votação, e Gonzaguinha se manifestou, apresentando seu ponto de vista contrário à mudança do nome. Ele argumentou: “Meu pai fez com que o nome Exú fosse conhecido em todo o mundo, principalmente na Europa”, e acrescentou: “Sou contra a mudança.” A maioria votou pela manutenção do nome, e a cidade permaneceu com o nome Exú.
Poucos dias depois dessa reunião, Gonzaguinha sofreu um trágico acidente de trânsito (em 29 de abril de 1991) e perdeu a vida no local do acidente. Foi Exú, o anjo da morte? Não posso afirmar, mas Gonzaguinha, em vida, optou por esse nome.
Na verdade, o nome da cidade não é considerado bonito ou sugestivo, mas, na mente dos cristãos evangélicos, Exú hoje é visto como “Asa Branca”.
Elcio Nunes
Cidadão Brasileiro
@elcionunes (Instagram)