FANTASMA DA ÓPERA: histórias de assombração no Teatro Municipal Severino Cabral e da Fortaleza de Santa Catarina

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Histórias de arrepiar que desafiam o imaginário popular e causam medo. Bailarina que aparece dançando no palco e depois desaparece; piano que toca músicas clássicas sem instrumentista, portas que se abrem e se fecham e luzes que acendem misteriosamente. Concertos e fantasmas.

No dia do halloween, o PB Agora  resolveu resgatar algumas histórias assombrosas e assustadoras de dois prédios antigos da Paraíba. Verdade ou fantasia essas histórias têm povoado o imaginário popular.  O ex-diretor do Teatro Severino Cabral, Erasmo Rafael da Costa, relatou algumas dessas histórias assustadoras. E inexplicáveis.

Palco de grandes apresentações, o Teatro Municipal Severino Cabral em Campina Grande, convive há anos, com histórias de assombração. Alguns artistas e funcionários do Teatro Municipal, garantem que já se depararam com cada coisa nos corredores, palcos e escadarias do prédio antigo.

Ao PB Agora, Erasmo Rafael, que passou 7 anos na direção do Teatro, relatou que alguns funcionários contaram histórias que poderiam render filmes de terror. Em uma dessas histórias assustadoras, um vigia relatou que ouviu o piano tocando uma música belíssima. Assustado, ele teria se deslocado da recepção até o palco, e ao chegar no local, percebeu que o piano estava fechado. Silencioso.

Misteriosos também foram as subidas e descidas do elevador. Segundo o ex-diretor, diversas vezes o elevador subiu para o último andar do Teatro sem nenhuma pessoa dentro.
“As vezes estava só eu e o vigilante na hora do almoço e o elevador subia. Ou seja, alguém o chamava no 4 andar. Ele subia e descia e não tinha ninguém. Só estava dentro do Teatro eu e o vigia. Isso era algo que acontecia” relatou.

Outras coisas inexplicáveis deixaram Erasmo intrigado como acender e apagar misteriosamente as luzes da plateia do Teatro, bem como, o relato de frequentes choro de crianças.

“Algumas vezes quando ele subia para tomar café, as luzes da plateia estavam acesas também. O que é estranho é que as luzes eram acesas dentro da cabine de luz. Então, a pessoa precisava ter a chave para abrir a porta. Tinha muito isso “, relatou.

Ele contou ainda que muitos atores relataram ter ouvido músicas clássicas durante os ensaios e o piano tocando sozinho.

Energias que ficam no palco. O ex -diretor ressaltou que no Teatro existem muitas energias visto que os atores dão vida a um personagem.
“O Teatro são várias energias. Quando o ator dá vida a uma personagem, de certa forma você traz ela de volta. Então, às vezes acabou o espetáculo, mas a energia daquela personagem ficou rondando. E os artistas encenam espetáculos de personagens que realmente existiram, como as interpretações da bailarina Isadora Dantas que já morreu ou um texto de Chico Xavier “, observou.

Entre tantos funcionários que trabalhavam no Teatro há mais de meio século, Erasmo Rafael, destaca a trajetória de um assessor conhecido como Joel. Já falecido, ele era apaixonado pelo Teatro e tinha um carinho e apego ao velho piano da Casa de espetáculo. Respeitado por todos, ele tinha a chave do camarim, do piano e de todos os compartimentos do Teatro.
“Ele andava com a chave do Teatro no bolo. Ele cuidava do Teatro com muito carinho.

Um outro vigia teria visto uma bailarina dançar sem cabeça no palco do municipal. Este vigia estava dormindo e acordou com o barulho de música vinda do palco. Ao se aproximar ele teria visto uma bailarina “rodopiano” no palco. Rafael também contou que alguns funcionários teriam ouvido cadeiras sendo arrastadas da plateia e as luzes do Teatro acesas misteriosamente.

A atriz e bailarina Regina Albuquerque também fez um relato arrepiante. Ela contou que certa vez estava ensaiando um espetáculo infantil quando em determinado momento, um dos atores da companhia observou um menino na plateia aplaudindo o ensaio. Encantado, ele elogiou o sorriso do menino. Ninguém da companhia viu o menino. O espetáculo foi um sucesso.

A ativista cultural Giseli Sampaio também relatou uma cena intrigante no Teatro. Ela estava ensaiando um espetáculo quando viu uma pessoa sentada na plateia a aplaudindo. Misteriosamente, ao mudar a vista, a pessoa sumiu.

O Teatro Municipal Severino Cabral foi inaugurado em 1963 e já foi palco de grandes espetáculos encenados por artistas locais e nacionais. Este mês o Teatro com as suas histórias reais, fictícias e de “terror” completa 60 anos.

A mulher de branco
O Teatro Municipal não é apenas palco das histórias de assombrações. A lenda da mulher de branco povoa a imaginação dos turistas que visitam a Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo. Conta a lenda que quando os visitantes se despedem e as portas se fecham, o mistério toma conta da Fortaleza. O silêncio e a escuridão deixam o local ainda mais sombrio.

Mistério, imaginação, conta a lenda que ao entardecer, diariamente, uma visitante assídua chega. Dona de uma beleza estonteante, a jovem mulher vem em silêncio e vestida de branco.

A aparição fantasmagórica de uma bela mulher usando um vestido branco está presente no imaginário da população de Cabedelo. A mulher de branco, ilustrada em um quadro em exibição na fortaleza, é uma lenda bem conhecida dos funcionários do forte e da população ao redor do local.

A ‘mulher de branco’ continua impressionando pessoas de todas as idades, até os que se dizem corajosos, mas que se arrepiam até mesmo diante de uma ventania mais forte.

Reza a lenda que há muitos e muitos anos, uma jovem participava de uma festa em um engenho próximo à João Pessoa, quando um grupo de homens, mais de 100, dizem que invadiu o local, matando várias pessoas e raptando a meiga senhorita. Ela teria sido trazida para a Fortaleza, onde foi morta e decapitada próximo à fonte, a qual fica bem no centro do Forte. Desde então, seu espírito ronda o local, por não conseguir se desprender da vida terrestre.

O quadro fica na sala onde morou o capitão-mor no século 16. Para subir ao primeiro andar, no primeiro degrau da escada, é ela que o visitante tem de encarar. A pintura foi colocada no local no início da década passada e, desde então, a lenda urbana da mulher de branco foi fortalecida. Moradores das proximidades do Forte também relatam terem visto a bela jovem passeando tranquilamente pelo local.
Lenda ou realidade, o fato é que a mulher de branco já provocou até o desmaio de um vigilante da fortaleza, que a viu no meio da madrugada.

A Fortaleza de Santa Catarina, erguida em meados de 1580, serviu para defender o litoral dos ataques de holandeses e franceses. Segundo Igobergh Bernardo, diretor do Grupo de Teatro e Pesquisa Lendários e secretário de cultura do município de Cabedelo, a fortaleza é um desses espaços.


Nos dias 10 e 11 de novembro, a Fortaleza de Santa Catarina realiza uma visita noturna guiada ao prédio histórico, com encenação das lendas passadas de geração em geração e que estão vivas no imaginário popular, como “A mulher de Branco”, “Capitão Mor”, “Batatão”, “Cumadre Florzinha”.

Real ou não, essa é a história repassada oralmente para quem visita o Teatro Municipal Severino Cabral e Fortaleza de Santa Catarina, e continua despertando medo e curiosidade nos visitantes.

Severino Lopes
PB Agora

 

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