O que une frei Galvão, Nossa Senhora Aparecida e padre Cícero, além da óbvia ligação com a Igreja Católica? A resposta está na sala escura dos cinemas. Os três vão ganhar, cada um, um longa-metragem nacional. A Arte Sacra de Frei Galvão, documentário feito pelo ator Malcolm Forest, deve estrear em outubro. Aparecida do Brasil, título provisório do filme de Tizuka Yamazaki, entra em cartaz em dezembro. E Padre Cícero, cinebiografia inspirada no livro do jornalista Lira Neto, deve chegar às telas até 2012, com direção de Sérgio Machado.
“É natural que o Brasil tenha filmes sobre personagens religiosos, pois é um país muito devoto”, diz Tizuka, lembrando que também o espiritismo vai entrar em cartaz, em abril, com a estreia de Chico Xavier, de Daniel Filho.
Outro a citar o longa do médium mineiro é Sérgio Machado. Para o baiano, essa confluência de projetos para a área religiosa pode estar relacionada com o esgotamento da temática de violência urbana, que dominou o cinema nacional nos últimos anos. “Eu estive na Europa discutindo a distribuição de Quincas Berro d’Água, filme que lanço em abril, e notei que os distribuidores já apostam no cansaço dessa temática.” Segundo ele, Quincas Berro d’Água – adaptação do livro A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água, de Jorge Amado – tem por isso agradado os europeus.
À parte as análises de mercado, Tizuka e Machado, bem como Malcolm Forest, tiveram razões pessoais para abraçar seus projetos. Tizuka e Machado receberam convites para rodar os filmes de Nossa Senhora Aparecida e de padre Cícero, e toparam por considerá-los grandes figuras, envoltas por grandes histórias. “Personagem e história são os dois elementos necessários ao sucesso de um filme”, pontua Machado.
No caso de Forest, o projeto era próprio e antigo, mas foi acelerado por uma promessa, feita em 2001. O filho de uma amiga adoeceu gravemente e ele prometeu – a frei Galvão, claro – rodar o filme caso o garoto se recuperasse. O final da história é sabido. Nos últimos anos, Forest veio trabalhando no roteiro, pesquisando e buscando apoio financeiro, que encontrou junto a duas grandes empresas. Uma deve distribuir e a outra, patrocinar o documentário, cujo orçamento é de 500.000 reais. O diretor prefere não dar os nomes enquanto os contratos não forem assinados.
Tramas internas – O baixo orçamento de A Arte Sacra de Frei Galvão foi possível graças à redefinição do gênero do filme. “Eu pensei primeiro em rodar uma cinebiografia, mas aí o projeto iria requer mais capital e know how. Parti, então, para uma solução intermediária: um documentário entremeado por cenas dramatizadas.” São cerca de 20 as dramatizações, em que figuram supostos milagres de frei Galvão. O restante do filme será preenchido por entrevistas com parentes do santo, como Tom Maia, sobrinho-tataraneto de Galvão, e personagens da Igreja ligados à sua canonização. Como indica o título, há arte no roteiro, em que aparecem o museu do Mosteiro da Luz e uma menção à participação de Galvão na fundação da primeira academia de letras paulista.
Aparecida, o Filme, outro título provisório do longa de Tizuka Yamazaki, também trabalha com dois planos de imagem. Em um deles, transcorre a trama principal do longa: a saga ficcional do empresário que perde a fé ainda criança e a recupera anos mais tarde, diante da doença do filho. No outro, é contada a história oficial de Nossa Senhora Aparecida: sua imagem foi encontrada em um rio na região de Aparecida (SP), no século XVIII, por pescadores que só obtiveram peixes após tirar a santa da água – toda suja de lama, daí sua cor escura. “A história de Aparecida provoca comoção”, afirma a diretora. O empresário agnóstico será vivido pelo global Murilo Rosa. Bete Mendes (mãe do empresário), Rodrigo Veronese (pai) e Leona Cavalli (ex-esposa) também estão no elenco. O filme tem orçamento de 5 milhões de reais.
Já Padre Cícero – longa sobre a controversa figura do padre que foi excomungado pela Igreja, se tornou político e todos os anos atrai milhões de romeiros a Juazeiro do Norte (CE) – deve ter uma pegada western. É o que afirmam seu diretor, Sérgio Machado, e o produtor, Rodrigo Teixeira. “Vamos fazer um faroeste a la Sergio Leone”, brinca Teixeira, referindo-se ao diretor italiano que popularizou o western spaghetti, faroeste feito por italianos.
“Vai ser um filme de aventura, e um drama. Não vai ser um longa restrito aos devotos de Padre Cícero”, diz Machado. É ele que, traçando um breve histórico do casamento entre cinema e religião no Brasil, cita possíveis – e promissoras – referências para os novos diretores. São elas os antológicos Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cannes, em 1962.
No caso de Forest, o projeto era próprio e antigo, mas foi acelerado por uma promessa, feita em 2001. O filho de uma amiga adoeceu gravemente e ele prometeu – a frei Galvão, claro – rodar o filme caso o garoto se recuperasse. O final da história é sabido. Nos últimos anos, Forest veio trabalhando no roteiro, pesquisando e buscando apoio financeiro, que encontrou junto a duas grandes empresas. Uma deve distribuir e a outra, patrocinar o documentário, cujo orçamento é de 500.000 reais. O diretor prefere não dar os nomes enquanto os contratos não forem assinados.
Tramas internas – O baixo orçamento de A Arte Sacra de Frei Galvão foi possível graças à redefinição do gênero do filme. “Eu pensei primeiro em rodar uma cinebiografia, mas aí o projeto iria requer mais capital e know how. Parti, então, para uma solução intermediária: um documentário entremeado por cenas dramatizadas.” São cerca de 20 as dramatizações, em que figuram supostos milagres de frei Galvão. O restante do filme será preenchido por entrevistas com parentes do santo, como Tom Maia, sobrinho-tataraneto de Galvão, e personagens da Igreja ligados à sua canonização. Como indica o título, há arte no roteiro, em que aparecem o museu do Mosteiro da Luz e uma menção à participação de Galvão na fundação da primeira academia de letras paulista.
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Aparecida, o Filme, outro título provisório do longa de Tizuka Yamazaki, também trabalha com dois planos de imagem. Em um deles, transcorre a trama principal do longa: a saga ficcional do empresário que perde a fé ainda criança e a recupera anos mais tarde, diante da doença do filho. No outro, é contada a história oficial de Nossa Senhora Aparecida: sua imagem foi encontrada em um rio na região de Aparecida (SP), no século XVIII, por pescadores que só obtiveram peixes após tirar a santa da água – toda suja de lama, daí sua cor escura. “A história de Aparecida provoca comoção”, afirma a diretora. O empresário agnóstico será vivido pelo global Murilo Rosa. Bete Mendes (mãe do empresário), Rodrigo Veronese (pai) e Leona Cavalli (ex-esposa) também estão no elenco. O filme tem orçamento de 5 milhões de reais.
Já Padre Cícero – longa sobre a controversa figura do padre que foi excomungado pela Igreja, se tornou político e todos os anos atrai milhões de romeiros a Juazeiro do Norte (CE) – deve ter uma pegada western. É o que afirmam seu diretor, Sérgio Machado, e o produtor, Rodrigo Teixeira. “Vamos fazer um faroeste a la Sergio Leone”, brinca Teixeira, referindo-se ao diretor italiano que popularizou o western spaghetti, faroeste feito por italianos.
“Vai ser um filme de aventura, e um drama. Não vai ser um longa restrito aos devotos de Padre Cícero”, diz Machado. É ele que, traçando um breve histórico do casamento entre cinema e religião no Brasil, cita possíveis – e promissoras – referências para os novos diretores. São elas os antológicos Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cannes, em 1962.