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Livro relata vida e obra de Severino Araújo, da Orquestra Tabajara

Na ativa desde 1933, ela já foi ouvida por mais de 20 milhões, estima biógrafo

Aos 8 anos, o menino Severino Araújo era reconhecidamente um fenômeno. Filho do mestre de banda Cazuzinha, ele era tido como “ouvido absoluto”, capaz de ajudar o pai a dar aulas para seus instrumentistas, tomando-lhe lições. Trocava qualquer brincadeira por música. Aos 12 anos, dominava vários instrumentos de sopro e já compunha; aos 16, esboçava os primeiros arranjos. A história de Severino e da orquestra Tabajara, que viria a reger poucos anos depois – até 2005, os 88 anos, quando se afastou, dando lugar ao irmão, Jaime, saxofonista, de 85 – é contada em Orquestra Tabajara de Severino Araújo – A Vida Musical da Eterna Big Band Brasileira. O livro, de Carlos Coraúcci, está sendo lançado este mês pela Companhia Editora Nacional.

A Tabajara é a mais longeva orquestra de baile do Brasil – está em atividade desde 1933. Nasceu na Paraíba, terra de Severino e sua família, inspirada em big bands americanas. Em 1945, veio para o Rio para brilhar nas rádios e nos salões de baile da então capital.

Gravou mais de cem discos, acompanhou os principais artistas brasileiros (Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tim Maia), fomentou talentos de muitos músicos (o clarinetista Paulo Moura integrou seus quadros), apresentou-se para presidentes da República (Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek), pôs gerações de pés de valsa para dançar juntinho – Coraúcci estima que mais de 20 milhões de pessoas já tenham visto/ouvido suas apresentações, de Manaus a Porto Alegre, sem contar com as viagens ao exterior.

O autor entrevistou mais de cem pessoas e se apoiou na boa memória de Severino e de seus irmãos, Jaime e Plínio, de 88 anos, baterista, e de outros músicos. Eles lembraram histórias deliciosas sobre grandes festas – dos 70 anos do escritor Ziraldo ao casamento do cantor Lobão. E também sobre a convivência com crooners célebres, como Elizeth Cardoso e Jamelão.

Os 21 músicos da Tabajara – a maior parte, veteranos de cerca de 70 anos – seguem na ativa, embalando aniversários, formaturas e festas de réveillon, a cerca de R$ 10 mil por noite. A demanda já chegou a 30 por mês, mas hoje são dez. Jaime não reclama. “Tem bandas por aí que fazem mais barato, mas elas não são a Tabajara…” Severino sempre adaptou os sucessos do momento para a sonoridade da orquestra. O problema é que guarda todos os arranjos na cabeça, o que agora dificulta um pouco para o irmão… “Ele nunca foi um purista”, diz Coraúcci. “Tornou-se uma referência em todo o País, eu comprovei.”

 

Estadão

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