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Mancha Verde fecha 1º dia de desfile com enredo sobre candomblé

 Ser a última escola a se apresentar no Carnaval não é fácil – se a programação não atrasar, a agremiação entra no Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte de São Paulo, quando ainda é escuro, mas sai com o dia já amanhecendo. Equilibrar a luz e o dia é o desafio da Mancha Verde para 2012. A escola é a última a desfilar no primeiro dia do Grupo Especial, entre 5h e 6h já do sábado, e leva para a pista um enredo que apresenta as lições de humildade do candomblé.

Com o enredo “Pelas mãos do mensageiro do axé a lição de Odú Obará: A humildade”, a agremiação pretende contar a história de um dos príncipes do candomblé, uma mistura de fantasia e realidade. “É a história de um príncipe que simboliza um dos 16 búzios do jogo de búzios”, conta Paolo Bianchi, diretor de carnaval da escola. “O candomblé é uma mistura de lendas e realidade, isso eu aprendi agora também. Muita coisa do candomblé é ligada a fatos que aconteceram de verdade na África um tempo atrás, misturando historia com fantasia.”

Bianchi conta que Odú Obará era um de 16 irmãos príncipes que tinham como missão ensinar aos homens os valores necessários para a vida. “Ele era o mais pobre, o mais simples. Os irmãos tinham vergonha dele”, afirma o diretor de carnaval. Segundo a lenda, uma vez por ano os irmãos visitavam um mestre, que lhes dava ensinamentos. Em uma das visitas, os príncipes não chamaram Odú Obará, por vergonha de sua pobreza.

“Esse grande mestre percebeu que ele [Odú Obará] não estava lá, e ao invés de dar os presentes de sempre, joias, ouro, coisas de valor, ele deu uma abóbora para cada um dos príncipes”, diz Bianchi. “Voltando para casa, eles resolveram passar na casa do irmão rejeitado para descansar e comer. Odú fez a comida, e quando os irmãos foram embora percebeu que ficou sem alimento – sobraram apenas as abóboras, deixadas pelos príncipes. Quando ele partiu as abóboras, elas estavam cheias de joias, e ele acabou se tornando o irmão mais rico de todos.”

Para contar toda essa história, que é o centro do enredo, um dos destaques da escola será o terceiro carro – que levará 16 abóboras. “O carro vai mostrar a casa de Odú, com as abóboras. Dentro de cada uma delas haverá um destaque com fantasias representando a riqueza”, conta o diretor de carnaval, que garante que o carro será muito bonito. Outro destaque será o abre-alas. “Ele tem uma proposta diferente de alegoria”, diz.

O diretor de criação da escola, Troy, contou que a escola abrirá o desfile com uma alegoria que mostrará a destruição do mundo e a revolta da natureza contra o homem. O carro “O mundo em destruição”, porém, deve mostrar isso “de uma forma muito bela”, segundo Troy. O 5º carro da Mancha Verde, que fecha o desfile, é igual ao abre-alas, mas mostra como deveria ser o mundo se o homem cuidasse dele.

Cerca de 110 crianças desfilam sobre esse carro, que contará também com a presença do goleiro Marcos, que anunciou a aposentadoria dos campos no início deste ano. “Ele é um símbolo de humildade e respeitado por todas as torcidas”, explica Troy sobre a presença do jogador de futebol no desfile da escola.

Para driblar os problemas da luz – a escola terá parte de seu desfile no escuro e outra parte já com o dia claro –, a Mancha Verde está apostando na cor. Porém, o diretor de criação afirma que irá tentar usar alguma iluminação. “Quando saiu o resultado que a escola desfilaria de manhã, a proposta do desfile já estava pronta e o cromatismo precisou ser totalmente alterado. Demos uma grande sorte porque nosso enredo permite isso”, disse.

Uma das alas favoritas do diretor é a de Exu. “Vamos mostrar a visão que o candomblé tem de Exu. Ele é um orixá mensageiro, que abre os caminhos. Eu o vejo como uma forma de espelho. Se passa o mal, ele reflete o mal. Se passa o bem, ele reflete o bem”, contou Troy. A bateria da escola irá representar os ogãs, que são os batuqueiros do candomblé, segundo o diretor. À frente dos ritmistas estará a rainha Viviane Araújo.

A escola desfila com 25 alas, cinco alegorias e 3,5 mil componentes. O 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira é formado por Jéssica e Fabiano. O enredo da escola é desenvolvido por uma comissão de carnaval, não há um único carnavalesco. A jovem agremiação ainda busca o primeiro título no Grupo Especial. No ano passado, terminou na 4ª posição. O samba deste ano é de autoria de Fredy Vianna – também intérprete -, Chanel e Armênio Poesia.

 

G1

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