A morte do cineasta e professor emérito da Universidade Brasília (UnB) Vladimir Carvalho ocorrida ontem (24), aos 89 anos, foi destaque nacional, onde o portal Congresso em Foco, trouxe uma ampla reportagem a respeito da trajetória do cineasta. Internado desde o início de outubro, o documentarista sofreu um infarto e fazia hemodiálise após os rins terem parado de funcionar. O velório deve ser feito no Cine Brasília, um dos pontos de cultura mais tradicionais da capital federal, já nesta sexta-feira (25).
Nascido em 1935 no município de Itabaiana (SE), Vladimir Carvalho mudou-se para a Bahia há cerca de 60 anos e fez parte do Cinema Novo, movimento iniciado na década de 1960 que revolucionou o setor de audiovisual no país. Em 1964, foi assistente do cineasta Eduardo Coutinho em “Cabra Marcado Para Morrer”, documentário que aborda a questão das Ligas Camponesas. Na ocasião das filmagens, com o golpe militar, Vladimir precisou entrar na clandestinidade para evitar ser preso pelo regime.
Em 1969, apresentou o curta-metragem “A Bolandeira”. No mesmo ano, foi convidado por Fernando Duarte, com quem trabalhou no documentário de Coutinho, para lecionar na UnB no curso de cinema, onde se tornou professor emérito.
Anos depois, em 1971, lançou “O País de São Saruê”, documentário acerca das secas na Paraíba. O longa foi eleito pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como uma das 100 melhores produções da história do país. Naquela ocasião, o filme foi censurado no Festival de Brasília e só teve exibição liberada em 1979.
O cineasta também dirigiu “Barra 68”, documentário que narra e relembra a invasão do Exército Brasileiro à Universidade de Brasília, em 1968. Vladimir Carvalho ainda realizou “Rock Brasília – Era de Ouro”, que aborda a geração de bandas brasilienses dos anos 1980, como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. A última produção do cineasta foi “Giocondo Dias – Ilustre Clandestino”, de 2019, que narra a trajetória do líder comunista do título.
Notas de Pesar
- A Universidade de Brasília e o Ministério da Cultura emitiram nota de pesar sobre o falecimento do documentarista. “Que todos nós encontremos conforto neste momento difícil, mas também inspiração na obra e na trajetória de Vladimir Carvalho, um admirável defensor do cinema brasileiro, da democracia e da Universidade de Brasília”, disse a reitora da universidade, Márcia Abrahão.
- “O Ministério da Cultura recebeu com pesar a notícia da morte do cineasta Vladimir Carvalho – um dos mais importantes documentaristas do país. Sua obra, voltada à celebração da cultura e da identidade nacional, foi marcada por fortes crenças sociais e se transformaram em uma nova linguagem para o audiovisual brasileiro”, declarou a pasta.
- Outra liderança que lamentou a morte foi o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, decretou luto oficial de três dias após a morte do cineasta.
Redação