A estreia de O Auto da Compadecida 2 nessa quarta-feira 25 de dezembro, trouxe Chicó e João Grilo de volta às telas, reacendendo a memória afetiva de fãs de um dos maiores clássicos do cinema nacional. A expectativa, como era de se esperar, foi alta. Afinal, como dar continuidade a uma obra que marcou gerações e cuja essência se confunde com a genialidade do autor Ariano Suassuna?
De cara, é importante dizer que o filme tem dividido opiniões. Para alguns, a continuação deixou a desejar. O cenário, que retrata uma miséria quase apocalíptica, parece fugir do sertão poético e tragicômico tão característico da obra original. Além disso, algumas subtramas que poderiam enriquecer a história acabam se tornando rasas e até confusas. Essa superficialidade prejudica a conexão com novos personagens e enfraquece o enredo, que poderia explorar com mais profundidade o vasto universo criado por Suassuna.
Por outro lado, há quem tenha entendido e apreciado a proposta dos produtores: uma abordagem ainda mais caricata e teatral do que no primeiro filme. É inegável que o humor está lá. A lembrança de jargões icônicos, como o famoso “I love you, que quer dizer morena em francês”, agora repaginado para um hilário “Jetei’me, que quer dizer formosa em japonês”, arrancou risadas sinceras nas salas de cinema, especialmente dos nostálgicos de plantão.
Outro ponto forte é o elenco. A entrada de nomes como Eduardo Sterblitch, Fabiula Nascimento e Luís Miranda trouxe peso e frescor à produção. Já Taís Araújo, como uma Compadecida mais ‘moderninha’, diferente da primeira, interpretada pela genial Fernanda Montenegro, conseguiu equilibrar o novo tom da personagem sem perder sua essência maternal e protetora. É uma performance que brilha e dialoga bem com a proposta do filme.
A trilha sonora também merece destaque. Com nomes como Chico César, Maria Bethânia e João Gomes, as canções não apenas enriquecem a narrativa, mas chegam a emocionar. A interpretação de Canção da América por João Gomes, em especial, tenho que dar o braço a torcer, é de arrepiar.
Porém, nem tudo é perfeito. Os cenários extremamente computadorizados, que substituem as paisagens reais do Sertão, deixam a desejar. A rusticidade e a beleza natural que marcaram o primeiro filme deram lugar a um visual artificial que, embora estilizado, não consegue transmitir a mesma autenticidade. Além disso, o áudio em alguns momentos soa como dublado, prejudicando a experiência do expectador.
No geral, O Auto da Compadecida 2 é uma continuação ousada e que, apesar de suas (poucas) falhas, tem brilho próprio. É uma tentativa válida de resgatar e atualizar um clássico. Para mim, a produção não alcança a genialidade da obra original, mas merece sim aplausos. É um filme que não será unanimidade – e talvez nem pretendesse ser –, mas que carrega o importante legado de Suassuna com humor e emoção.
Thatiane Sonally
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