“Tu vais, guerreiro Baraque, porém, o Senhor te guiará através de minha boca e proclamará vitória através das mãos de outra mulher”, (palavras de Débora). Naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo. Mesmo vivendo esse desastre e estilo de vida como nação (722-586 a. C.), Deus sempre se compadecia do seu povo e o acudia em tempo oportuno. Débora, a única mulher juíza sobre a nação israelita, nos deixa um legado de bravura, autoridade, sensatez e temor a Jehová.
É bom salientar que Débora também era sacerdotisa. Na época dos juízes, Israel vivia períodos alternados de obediência e desobediência ao seu Deus. Ao desobedecer, dava legalidade para que o inimigo prevalecesse sobre a nação judaica, porém, ao clamar, Deus sempre se fazia presente. Nessa época, por desobedecer mais uma vez, Deus entregou a nação nas mãos de Jabim, rei de Canaã (Cananeus), que tinha Sísera como comandante do seu exército, com quatrocentos carros de ferro, uma potência imbatível naqueles dias, era como se fosse nos dias de hoje (quatrocentos tanques de guerra). Em sentido de forças, Israel estava perdido para fazer frente ao exército de Canaã, porém, sabemos que não é por poderio militar humano que vem a vitória do povo de Deus, e sim, pelo sopro do seu Espírito.
Débora, uma mulher entregue a Deus, estava disposta a avançar e crer na providência com misericórdia do seu Deus sobre o seu povo. Ela convocou a Baraque, líder guerreiro que vivia em meio ao seu povo e lhe incumbiu da difícil missão de enfrentar o exército cananeu, liderado pelo comandante Sísera e seus quatrocentos tanques de guerra. Baraque tremeu nas bases e como resposta acrescentou: “Se você for comigo, Débora, eu irei, caso contrário, não irei”. OK, disse a juíza Débora, irei com você, te ajudarei a comandar as tropas, porém, Deus fará espetáculo em meio a essa guerra, tu verás com teus próprios olhos, como as mulheres estarão do início ao fim como protagonistas dessa peleja, com Deus no comando, no entanto, o prêmio não será teu e sim de uma mulher.
A festa, que começou no alto do monte Tabor, desceu até as planícies de Harosete-Hagoim, onde todo o exército do guerreiro Sísera foi derrotado. Sísera fugiu para a tenda de Heber, um dissidente que era antes um aliado das tribos de Israel, era ele esposo de Jael. Por certo, Sísera pensou: estarei seguro na casa do covarde Héber, Jael estava só na tenda; não sabemos se a essa altura estava divorciada de Héber, pois Jael, ao contrário de seu esposo Héber, permaneceu fiel ao seu povo e ao seu Deus. Esse fator, por certo, Sísera, não levou em conta e por cima, pensou: “não é permitido a um homem entrar na tenda de uma mulher que estivesse só, aqui estarei seguro, com certeza, nada virá me buscar nessa tenda”. Jael vinha acompanhando pelas redes sociais daquela época (boca a boca), tudo o que vinha acontecendo em relação a essa batalha desde o princípio. Jael saiu ao encontro de Sísera e com toda a esperteza de uma mulher inteligente, o convidou para que entrara em sua tenda.
Naquela altura, Sísera, parecia mais um vagabundo esfarrapado que vagava pelos montes, me faz lembrar de Sadam Hussein, quando foi encontrado no Iraque à beira de um esgoto. Não tenha medo, disse ela, e o cobriu com um pano. Estou com sede, disse Sísera, por favor, dê-me um pouco de água. Jael abriu uma vasilha de leite, feita de couro, deu-lhe de beber, e tornou a cobri-lo. Sísera disse a Jael: Fique esperta à porta da tenda.
Se alguém passar e perguntar se há alguém aqui, responda que não. No entanto, Jael fez totalmente o contrário, tomou uma estaca bem pontiaguda, buscou um martelo e cravou-lhe a estaca na têmpora de Sísera até penetrar o chão e ele morreu. Baraque, chefe do exército de Israel, vinha correndo de nariz aceso, em busca do seu prêmio maior, porém, esqueceu que Deus já havia dito através da profetisa e juíza Débora, que a vitória viria das mãos de uma mulher, por ele não aceitar a proposta inicial de Deus e por não haver posto sua confiança no Deus de Israel.
Ao chegar à porta da tenda de Jael, ela antecipou-se e disse a Baraque: Venha, eu lhe mostrarei onde está o troféu que tanto procuras, Deus o entregou em minhas mãos. Baraque, viu ali a Sísera, morto e caído, no piso da tenda de Jael, com a estaca atravessada nas têmporas. A partir daí, a profetisa Débora, fez a festa, chamou a Jael para junto a ela levantar a bandeira de Israel naquele majestoso festejo. O guerreiro Baraque, um pouco envergonhado e sem jeito, juntou-se ao cortejo. Descobrimos aqui que Débora também era cantora e poetisa, pois declara: “Que Jael seja a mais bendita das mulheres que habitam em tendas…” Sísera lhe pediu água e ela lhe deu leite, numa tigela digna de príncipes e trouxe-lhe até coalhada. Estendeu a mão e tomou uma estaca da tenda e com a mão direita o martelo do trabalhador. Golpeou Sísera, esmigalhou sua cabeça e traspassou suas têmporas. Assim pereçam todos os teus inimigos, Ó Senhor! Mas os que te amam sejam como o sol quando se levanta a sua força”.
E assim termina, a grande e fenomenal festa de arromba, proporcionada por duas mulheres israelitas, com a aprovação do Senhor todo poderoso. Elas ainda hoje continuam a fazer grandes festas em prol do Reino de Deus na terra. (Juízes 4; 5).
Elcio Nunes
Cidadão Brasileiro
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