“Não temais, porque eis que vos anuncio uma grande alegria, que terá todo o povo. Nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador” É Natal. Os sinos tocam nas capelas e catedrais anunciando a chegada do Menino Deus. No presépio, criado por São Francisco de Assis, e armado em igrejas, casas e prédios públicos, contemplamos a reprodução da cena que mudou a história da humanidade.
Na pobreza da estrebaria, José e Maria contempla o nascimento do Verbo que se fez carne. Os pastores, ainda alegres pela boa notícia, anunciada pelos Anjos, guardam no coração a canção de amor entoada pelo coro celeste. “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. Natal é o encontro do Divino com o hunano. A luz que resplandece nas trevas para fazer surgir um novo tempo. Os magos já a caminho de Belém levam seus presentes para o recém nascido: ouro, incenso e mirra.
Em em mundo cada vez materialista, e indiferente, como resgatar o verdadeiro sentido daquele acontecimento, que trouxe alegria, esperança e vida? A festa do nascimento de Jesus não pode ser resumida ao encanto e a beleza das luzes que enfeitam nossas árvores de Natal; as céias fartas, as trocas de presentes, e ao consumismo desenfreado que sufocam o real significado da data. É verdade que o espirito natalino faz aflorar bons sentimentos nas pessoas, e até gestos maravilhosos de solidariedade para com o próximo. A noite de Natal mais parece uma primavera. Um clima mágico nos envolve. Um aroma agradável se espalha pelo ar, e os corações dos homens e mulheres de boa vontade, pulsam de contentamento.
No entanto, o Natal é mais do que esse momento efémero que logo desaparece após o 25 de Dezembro. Ele deve durar todos os dias do ano. O amor ao próximo, mandamento maior de Jesus, é para toda a vida. O perdão deve ser constante. O Natal acontece quando conseguimos viver a experiência de amor com o Deus da vida, e principalmente, harmonizar as nossas relações humanas.
O Natal acontece todos os dias, quando transformamos nossos corações em uma manjedoura de carne para acolher Jesus na figura sofrida e discreta do irmão que padece, com fome, sede, que está enfermo, peregrinando sem um abrigo ou preso nos cárceres da alma. Natal é libertação plena de todas as nossas cadeias.
Em um ano marcado por tanto sofrimento, perdas e tribulações devido a pandemia do Covid-19, aquele acontecimento de Belém, deve gerar em nossos corações, alegria e esperança de dias melhores. Como disse o profeta Isaias, “O povo que jazia nas trevas viu brilhar uma grande luz”. Que a luz que resplandece da manjedoura , dissipe as escuridões e incertezas desse tempo atribulado, e que o Natal seja um tempo novo para repensar nossas relações com o próximo.
Severino Lopes
PB Agora
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