Não existe liberdade sem preço. Ao pôr do sol, Abrão foi tomado de sono profundo, e eis que vieram sobre ele trevas densas e apavorantes. Então o Senhor lhe disse: “Saiba que os seus descendentes serão estrangeiros numa terra que não lhes pertencem, onde serão escravizados e oprimidos por quatrocentos anos. Gênesis. 15. 12;13, (NVI). Interessante, no mesmo livro do Gênesis, capítulo 12, Deus tem um encontro com Abrão e lhe faz uma promessa fantástica, onde abençoaria a ele e a toda sua descendência. Na verdade, os dias de peregrinação de Abraão após a promessa, foram dias firmes de construção, porém, duros e vitoriosos. Ele partiu do nosso mundo sem ver todo o cumprimento dessa grande promessa, porém, creu, ante promessas aparentemente tardias, no entanto, reais.
Abrão creu, e isso lhe foi imputado como fé genuína. Não é à toa que o denominamos de pai da fé. Creu nos dias de glórias que haveriam de vir, prometido pelo Deus Todo Poderoso, criador de todas as coisas. A verdade e cumprimento da promessa feita a Abrão, somos nós, que um dia cremos nessa promessa feita antes da lei, num período de graça que nos alcançou e tem alcançado a milhares durante todos os séculos. Promessa feita, povo oprimido e humilhado, porém, sempre vitorioso. Me encanta quando o escritor sagrado assinala no livro de Êxodo: As pragas consumiam a todos e tudo no Egito, porém, na terra de Gósen, se vivia verdadeira calmaria. Era em Gósen, onde vivia o povo de Deus (Judeus), estabelecido ali por comando de José, filho de Jacó. De lá o povo saiu em vitória rumo à terra prometida, atravessando todo o Egito, deixando assombrado aquele povo pagão (adorador de vários deuses), com as proezas do Deus Jehová, o todo poderoso.
Nuvem, tocha de fogo, presença angelical, o que fez os soldados egípcios gritarem em meio ao Mar Vermelho: “retrocedamos! pois o seu Deus peleja por eles”. Porém, já era tarde. O resto da história já a conhecemos, com exceção dos egípcios, pois quase nenhum povo, principalmente do passado, registra as suas derrotas, para não serem analisadas por suas gerações futuras em banca de estudos. Páscoa, liberdade de um povo, o povo judeu. A Páscoa foi uma pequena semente plantada para o que haveria de ser 1200 anos depois!
Um largo e duro caminho à celebração dos judeus por uma liberdade segura. O que Deus tinha como plano não foi de todo revelado, talvez por eles não serem capazes de assimilar. Esse tema foi mastigado por pouco mais de um milênio, Deus usou profecias e situações para mostrar-lhes a grandeza e complexidade do plano. Molhou um pouco a língua de Abrão, para que iluminara sua mente e entendera um pouquinho mais da elasticidade do plano, quando no momento, do quase sacrifício do seu filho Isaque, o assombrou com um cordeiro substituto, Abrão naquele momento não entendeu tudo, porém creu.
Abrão foi desafiado tão somente a crer. Hoje o velho Abrão entende completamente, pois vive cara a cara com Deus. Cristo nossa Páscoa: Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento, como realmente são. Pois Cristo, nosso cordeiro Pascal, foi sacrificado. Por isso celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da perversidade, mas com os pães sem fermento, os pães da sinceridade e da verdade. I Corintios 5,8. (NVI). Quando Deus instituiu a Páscoa, ele tinha em mente o sucedido no Éden, era como um tempo de carência e de misericórdia que ele nos dava, porém, a partir da promessa feita a Abrão, um preço de responsabilidade e compromisso passaria a ser pago. O homem desobedeceu ordens rígidas e estritas e as pisoteou, porém, a conta haveria de chegar e chegaria pesada, a preço de sangue e sacrifício imposto por Deus pai, sobre nós e assumido pelo seu filho Cristo Jesus, sobre seus próprios ombros, a preço de martírio na cruz. “O castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados. Isaías 53.5. (NVI). A páscoa foi revista e re-analisada na era da Graça, ou seja, o período que começa no ano zero, até nossos dias (2023), é muito mais pesada aos olhos de Deus que o período de quatrocentos anos de escravidão do seu povo no Egito.
No ano zero, lá no monte do Gólgota, Cristo Jesus deu um basta a toda astúcia de satanás para afastar-nos Dele e de seu grande amor. Cristo entregou-se por nós espontaneamente e banhado de amor. Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz e tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz. Filipenses 2.13-15. (NVI).
Sabia você, amigo leitor, que a páscoa se repete a cada dia na vida daqueles que buscam uma renovação e libertação das cadeias infernais que nos rodeiam e nos oprimem, mesmo depois de havermos feito uma entrega a aquele que é o criador e sustentador de todo o universo. Quanto a você que ainda não fez a entrega de sua vida a Deus, através da pessoa do Senhor Jesus Cristo, esse é o momento. Torne-se livre de toda a carga e saia livre do Egito espiritual à terra da Graça, onde Cristo Jesus o espera e reina. Por fim, depois de entregar-se como cordeiro pascoal por cada um de nós e submeter-se ao sacrifício que o levou a morte física, esse cordeiro foi ressuscitado por Deus pai e hoje é nosso intercessor e Salvador. Agradecido devemos ser por tão grande salvação. Do Egito, já não devemos nos lembrar.
Elcio Nunes
Cidadão Brasileiro
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