A Câmara Municipal de João Pessoa, a Prefeitura da Capital e a Associação de Moradores do Bairro do Altiplano Cabo Branco fizeram, nesta terça-feira (28), uma mais que merecida homenagem a um sacerdote que deixou nos anais da história eclesiástica da Paraíba uma história digna de registro: o Padre João Andriola.
A homenagem foi dar a uma praça inaugurada hoje o nome de João Andriola, homem que tem uma história de amor, de vida e de construção do Bairro Altiplano.
Ao bairro, o homenageado chegou como um morador comum. À época ele era coordenador do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) na Paraíba. Comprou a chave de uma casa pelo Inocoop (Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais) e que passou a habitar o Altiplano, no ano de 1979.
O próprio Padre João contava: chegou alí anônimo, e foi descoberto por Estela, também moradora do Conjunto Altiplano. Ao saber que ele era padre passou a incentivá-lo a construir uma Igreja.
Num “trabalho de formiguinha”, Padre João deu início à campanha de construção da Igreja que viria a ser denominada de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Enquanto as paredes da Igreja não eram erguidas, o sacerdote celebrava missas nos terraços e quintais de algumas residências.
Com a facilidade que tinha de se relacionar com as autoridades e a sociedade em geral, ao cruzar com algum político ou alguém abastado, não perdia tempo e logo pedia ajuda: fosse para às necessidades da Igreja; de um particular, fosse em favor da comunidade. Aqui, fomos beneficiados com o terreno onde foi construída a Igreja, a Escola Padre Roma e a Casa das Irmãs Carmelitas Idosas, além de tantas outras conquistas para o Bairro, através daquele que ficou conhecido como “Padre pidão”.
Padre João Andriola era um homem irreverente, destemido, que dizia o que pensava. Em suas homilias, assumia seu jeito demasiado humano e afirmava do altar: “Vocês pensam que eu sou santo só porque sou padre. Não. Eu calço 40, igual a vocês. Tenho os meus pecados e que devem ser bem mais graves do que o de cada fiel aqui presente, pois sou padre e tenho consciência deles”.
Com isso, atraía muita gente para a Missa e chegou a superlotar a Igreja nas suas tracionais Missas de Cura, no primeiro sábado de cada mês, com média de participação de duas mil e quinhentas a três mil pessoas. Gente vinda de todos os bairros de João Pessoa, de diversas cidades da Paraíba e até de outros estados do Brasil, incluindo a Capital Federal, Brasília.
Não admitia distinção de pessoas. E certa vez, quando o Bairro do Altiplano começou a crescer, com a construção de mansões, nessa área que hoje vemos tantos arranha-céus, os moradores da “área nobre” decidiram colocar três grandes tubos de concreto impedindo a passagem dos moradores, do então conjunto, por entre as mansões. Indignado e com toda a sua irreverência, durante uma Missa dominical, à noite, Padre João desafiou do altar: “Se nesse bairro existe homem, esses tubos de concreto que estão fazendo essa divisão social não amanhecem ali”. Acreditem, o bairro tinha sim homens, que se apoderaram da rebeldia de Padre João, e os tubos não amanheceram no lugar.
Um sacerdote profundamente Eucarístico e Mariano. Dizia ser o jumentinho que carregava Jesus para onde ia, a exemplo do que conduziu Jesus triunfal na entrada de Jerusalém. Foram pouco mais de 30 anos morando e beneficiando esta comunidade, até que no dia 28 de janeiro de 2011, por volta das 13 horas, Jesus levou Padre João Andriola de volta à Casa do Pai Celestial.
Em plena rua, a poucos metros da Igreja, sobre a calçada da moradora Benedita Dutra (nossa Bené), Padre João deu seu último suspiro. Depois, Bené e seus filhos acolheram o corpo de Padre João, em sua casa, para os preparativos funerários e, de lá, a comunidade em procissão conduziu à Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro para uma última homenagem.
E na meditação de despedida do padre casado Giovanni, as palavras de conforto a todos nós ficou em mim gravadas: “Padre João era tão do povo e tão do Bairro do Altiplano, que Deus permitiu que sua morte acontecesse aqui na rua, no meio de todos, onde era o seu lugar”.
Obrigado, Padre João!
(*) A quatro mãos, com Elose Elane
Wellington Farias
PB Agora
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