Parece exagero, mas pode colocar na ponta do lápis para comprovar. Para bater a marca de “Paula Fernandes ao vivo”, é preciso somar as vendas dos discos mais recentes de Exaltasamba, Ivete Sangalo, Caetano Veloso & Maria Gadú, Padre Reginaldo Manzotti e Luan Santana. Em 2011, foram comercializadas 1,25 milhão de cópias do disco da cantora de 27 anos, nascida em Sete Lagoas (MG).
O CD-DVD de Paula foi gravado em outubro do ano passado em um estúdio paulistano e aposta não só em músicas próprias, mas também em covers de Ivete Sangalo (“Quando a chuva passar”), Roberto Carlos (“Costumes”) e Shania Twain (“Man I feel like a woman”).
Na comparação com CDs de artistas que sempre aparecem nas listas de mais vendidos feita pelo G1 (veja infográfico acima), Paula mostra com números como foi da fama de “namoradinha de Roberto Carlos” a sucesso de vendas em menos de um ano.
O jornalista Nelson Motta é outro que entra na fila para falar bem de Paulinha, como Roberto a chamou durante o show do fim do ano passado na Praia de Copacabana, no qual ela fez uma participação. Afinal, o que é que a mineira tem? “Uma graça especial, uma combinação de ingenuidade e malícia que encantam, além de cantar muito bem e ampliar seu repertório para além do sertanejo”, arrisca.
Ao definir o som da moça, Nelson diz que as músicas são “pop como Ivete Sangalo, que é muito mais do que axé”. Como a maioria dos brasileiros, foi no show de Roberto Carlos em dezembro que ele notou os dotes da cantora. “Foi a primeira vez que a vi. Depois assisti ao DVD e gostei muito. Foi uma ‘descoberta’ do rei, que é do ramo.”
Para o especialista em cantoras Rodrigo Faour, Paula tem timbre “agradável” que não faz lembrar o de suas concorrentes. “Além disso, é uma mulher muito bonita”, elogia o produtor e jornalista, responsável por projetos recentes sobre Leci Brandão, Alcione, Gretchen, Inezita Barroso, Maria Bethânia, Elza Soares e Claudette Soares.
Mas nem tudo é fascínio ao comentar a performance da mineirinha, que usa o rótulo “pop rural” para definir suas canções. “Ela tem uma impostação americanizada e canta músicas parecidas, sempre folk americano. Merecia arriscar em um repertório melhor e em outros gêneros para provar se poderá vir a ser uma grande intérprete”, arrisca Faour.
Em vez de citar alguma precursora do sertanejo, como Roberta Miranda, o produtor menciona uma voz da MPB. “As letras são açucaradas, mais do mesmo. São como as da fase mais popular de Joanna, em que só cantava baladas. É o mesmo de tantas cantoras românticas dos últimos 30 anos”, resume Faour, que sente falta de letras mais trabalhadas sendo entoadas por Paula. “Falta um pouco de ideologia por trás do trabalho, algo que caiu em desuso. Ela tem potencial, mas poderia ousar mais”, opina.
Enquanto diagnosticam a trajetória da cantora, que já cantou em rodeios e levou músicas a trilhas de novela como “Araguaia” (“Tocando em frente”, com Leonardo) e “Paraíso” (“Jeito do mato”), Paula explica seu sucesso de outra forma. Ao saber que havia vendido mais de 1 milhão de discos, ela escreveu no Twitter: “O FOGO a ÁGUA, a TERRA, o AR e as PESSOAS, instrumentos de DEUS, me deram um presente hoje! FÃS de todo o BRASIL, somos 1 MILHÃO DE CÓPIAS!”
G1
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