Em 2003, a Usina Cultural completa 10 anos e para comemorar a data, a Energisa realizará 10 exposições de dez renomados artistas plásticos paraibanos: Raul Córdula, Clóvis Júnior, Fred Svendsen, Dyógenes Chaves, Hermano José, Alice Vinagre, Rodolfo Athayde, Flávio Tavares, Alexandre Filho, Alberto Lacet e Sérgio Lucena.
Ao longo de uma década a galeria de arte da Usina foi vitrine de uma produção convergente de talentos de diversas escolas e estilos de arte, tornando-se uma referência para a vida cultural de João Pessoa.
Desta maneira, a Usina Cultural Energisa, que já realizou cerca de 80 exposições, propõe, com esta ocupação da sua galeria de arte em 2013, um recorte curatorial que contemple a arte “local” representada por artistas reconhecidos nacional e internacionalmente.
A arte se espalha. Ou se revela. Fora do eixo Rio-São Paulo há inúmeras manifestações artísticas de qualidade, oriundas de diversos rincões do país. Nesses dez anos, a Usina Cultural Energisa ofereceu arte de qualidade a um público sedento por informação e merecedor de admirar não apenas a produção paraibana, mas, também, de artistas de outras regiões do Brasil e de outros países.
Sede de grandes eventos como o Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa (Cineport), Prêmio Energisa de Artes Visuais, Festival Mundo, Mostra Cinema e Direitos Humanos, entre outros, a Usina continuará oferecendo uma programação mensal com shows, concertos, exposições, lançamentos de livros, cinema, teatro, feira multicultural e visitas ao Espaço Energia.
Memórias do Olhar, de Raul Córdula
Quando: até 14 de abril de 2013. De terça a domingo, das 14h às 20h.
Onde: Usina Cultural Energisa (Av. Juarez Távora, 243 – Torre – João Pessoa-PB)
O que: 35 obras produzidas pelo artista paraibano ao longo dos seus 50 anos de atuação, em diversas técnicas e suportes (desenho, pintura, tecido, objeto, assemblage, fotografia etc.)
Raul Córdula
Raul Córdula tem toda uma produção – pictórica, estética, política, poética, sensorial, gráfica, visual, plástica, literária etc. – dedicada não apenas aos olhos do observador e que extrapola muitas questões propostas pelo sistema da arte tal qual o conhecemos desde há trezentos anos, pelo menos. Raul vai muito além da ideia comum em situá-lo apenas como esteta ou pintor, como é mais conhecido. Sem dúvida, essa constatação de multiartista faz de Raul Córdula um raro espécime em nossas artes visuais.
Aliás, infelizmente pouca gente sabe desta sua obra tão vária. Por este motivo, ano passado, ao comemorar seus 50 anos de atuação, Raul optou por apresentar uma antologia de sua produção na tentativa de abarcar o vasto repertório desenvolvido ao longo de tantas situações, lugares, movimentos e momentos cruciais na recente história da arte brasileira. Nesta mostra, 50 Anos de Arte, exibida no Parque Dona Lindu, em Recife, ele mesmo (com a cocuradoria de Olívia Mindelo) segmentou em “fases” ou “séries” algumas das suas obras: das aquarelas produzidas em Paris (1991) às ações em arte postal (O País da Saudade), dos primeiros desenhos (1965) à atividade multidisciplinar a partir do conto A Gaivota Cega, das pinturas de teor político (Araguaia e 1968) às geometrias recentes… E, mesmo com correta montagem, obras seminais de sua lavra, belo texto da jovem Olívia Mindelo, ação educativa e estupenda visitação (cerca de 50 mil pessoas), a mostra ainda não deu conta de nos apresentar, verdadeiramente, o múltiplo e raro Raul Córdula.
Agora, por ocasião da abertura das comemorações dos 10 anos de atuação da Usina Cultural Energisa, há nova oportunidade de adentrarmos – nós, seus conterrâneos em especial – no rico universo deste artista. E, mais uma vez por sua decisão em desvelar outras de suas “fases” e “séries”, Raul escolheu obras destinadas a também falar de sua paraibanidade, talvez até remetendo à citação atribuída a Leon Tolstói: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. Raul Córdula apresenta algumas obras – até inéditas aqui na “província”, apesar de produzidas desde os anos 60 – em sincera elegia à sua terra natal, como as séries Bandeira do EGO, Pedra do Ingá e Borborema. Outras pinturas, geométricas e recentes, além de objetos, assemblages, vídeos e desenhos compõe essa antologia do seu fazer artístico. Estas são suas “memórias do olhar” e que, graças também à sua verve de historiador (e poeta), revela-se primorosa crônica de seu tempo.
Currículo
Raul Córdula nasceu em Campina Grande-PB, 1943, e fez sua primeira exposição na Biblioteca Pública de João Pessoa, em 1960. Foi diretor de Artes Plásticas do Departamento Cultural/ UFPB (1963-1965); diretor fundador do Museu de Arte Assis Chateaubriand, Campina Grande (1967); coordenador do Núcleo de Arte Contemporânea-NAC/ UFPB (1978-1985); diretor da Oficina Guaianases de Gravura, Olinda (1982-1984); diretor de Desenvolvimento Artístico e Cultural da Fundação Espaço Cultural da Paraíba-Funesc (1997-1998); membro da Comissão Nacional de Artes Plásticas da Funarte (1986-1988); curador do 3° Salão de Arte Global de Pernambuco, Recife (1976); integrou e presidiu o Conselho Municipal de Cultura do Recife (2002-2004); coordenou a implantação do Salão MAM Bahia de Artes Plásticas, Salvador (1994). É membro da Associação Brasileira de Críticos de ArteABCA e da Associação Internacional de Críticos de ArteAICA.
Em 1992 implantou no Brasil a Associação Cultural Le Hors-Là (intercâmbio entre artistas de Marselha, França, e de João Pessoa, Recife e Salvador). Participou de comissões de seleção e premiação de salões de arte: Salão MAM Bahia; Salão Paranaense; Salão dos Novos de Pernambuco; Salão Municipal de Artes Plásticas, João Pessoa; Salão Municipal de Artes Plásticas, Natal; Prêmio Pernambuco de Artes Plásticas; 5ª Bienal Internacional de Esculturas del Chaco, Argentina; 7ª Bienal do Recôncavo, Cachoeira-BA; Prêmio Bunge de Pintura, São Paulo; Prêmio Energisa de Artes Visuais, João Pessoa. Curador da 1ª Bienal Nacional de Desenho/ VIII Fenart, João Pessoa; SPA Tamarineira, Recife. Exposições no Brasil: Museu de Arte Assis Chateaubriand (1967); Museu de Arte Contemporânea do Paraná (1985); Museu da Pampulha, Belo Horizonte (1985); Galeria Verseau, Rio de Janeiro (1965); Galeria Sergio Milliet, Funarte, Rio de Janeiro (1982); Galeria de Arte Global, São Paulo (1987); Galeria Vicente do Rego Monteiro, Recife (1990); Museu de Arte Moderna da Bahia (1997). Exposições no exterior: Embaixada do Brasil e Galerie Le Cube, Paris; Le Hors-Là, Marselha; Festival Nacional de Ia Peinture, Cagnes-Sur-Mer; Staatliche Kunsthalle Berlin e Galeria Einstein, Berlim. Prêmios no Salão Municipal de Belo Horizonte (1964 e 1965); Salão da Jovem Arte de Campinas-SP (1966); 1° e 2º Salão de Arte Global de Pernambuco (1974 e 1975); XXXVI Salão de Artes Plásticas de Pernambuco; Prêmio Gonzaga Duque, Associação Brasileira de Críticos de Arte-ABCA (2010). Escreveu os livros: “Os Anos 60: aspectos das artes plásticas na Paraíba”, edição Funarte (1980), coautoria de Chico Pereira; “ALMANAC”, edição Funarte/ UFPB; “Fragmentos”, Edição Funesc (1997); “Caminhos de Pedra”, edição URB/ Recife, coautoria de Betânia Luna e Jane Pinheiro; “Tereza Costa Rêgo”, Olinda (2009); “Memórias do Olhar”, Editora Linha D’Água, João Pessoa (2009).
Secom