Semana Nacional de Museus no Rio de Janeiro – Parte I
O Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e outros organismos afins promoveram nos dias 16 a 22 de maio, a 9ª Semana Nacional de Museus com vasta divulgação em âmbito nacional, num trabalho coordenado e divulgado em todos os estados da federação, sem exceção.
Cartazes, folderes, mídia eletrônica e outros meios difundiram o que os museus do país têm para mostrar, seus endereços, programações e informações práticas.
Aproveitando a ocasião, após um retiro espiritual de três dias no Rio de Janeiro, por outros três dias fiz uma “peregrinação cultural” por muitos dos museus do Rio, afinal, como disse Santo Agostinho: “ O mundo é um livro e quem não viaja lê apenas uma página”.
Voltei a visitar alguns e a conhecer outros. A própria Igreja Abacial do Mosteiro de São Bento que é um dos principais monumentos da arte colonial do Rio e do país. Fundado em 1590 por monges beneditinos provenientes da Bahia, tem uma fachada maneirista com um corpo central com três arcos de entrada e um frontão triangular com duas torres nos lados da galilé. O interior é riquíssimo, totalmente ornado com talha dourada de estilo barroco ao rococó (daí a expressão matuta de nossos interiores, uma corruptela: “do tempo do ronca”) e com magníficas estátuas de Nossa Senhora do Montserrat, S. Bento, Santa. Escolástica, entre outras.
Descendo um pouco, a imponente igreja da Candelária, tristemente célebre nos últimos tempos pelo massacre dos meninos de rua em sua frente. Majestoso edifício eclesial, que encerra a avenida Brasil, e onde a Cena Domini é celebrada pelo cardeal arcebispo do Rio e seu clero.
Ainda no centro e bem perto, tantas belas igrejas, tantos significativos museus. A Igreja de Santa Rita de Cássia de grande apelo popular e presença marcante, Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte, O Conjunto Carmelita e nele a Capela Real, rara beleza a manifestar uma sombra da glória de Deus e ao lado do largo da carioca o Convento de Santo Antônio em restauro e ao lado a magnífica Capela da Ordem Terceira Franciscana a Igreja de São Francisco da Penitência que supera as demais na beleza, maestria e harmonia da talha dourada e que, particularmente considero a jóia maior da arquitetura colonial brasileira, expressão máxima de luxo e dramaticidade; Como indica o Guia 4 Rodas, essa igreja por si só vale a viagem ao Rio. Pela escadaria ou pelo elevador subimos ao cume da manifestação humana da glória divina. O Cristo Seráfico e São Francisco recebendo as chagas dominam o altar mor deslumbrando a todos com o conjunto monumental desta igreja.
Contrastando com tudo que foi dito, a Catedral Metropolitana, um alto cone de concreto, moderno, pesado e sem impactante beleza, em seu interior o Museu de Arte Sacra, que guarda rico acervo da Arquidiocese do Rio de Janeiro; Na visita a Jesus na Capela do Santíssimo Sacramento, aproveitei a presença sacramental sem muita inspiração exterior. Pela fé e não pela visão, diria o apóstolo Paulo.
Daí, para o Largo do Machado, numa parada orante na Igreja de Nossa Senhora da Glória (não a do Outeiro, que ficou para uma próxima incursão) para por pelas mãos de Maria, nos cuidados de Deus, paroquianos, familiares, amigos e clero. Passando por uma galeria com alguns antiquários até chegar ao Museu da República, ex casa do Barão de Nova Friburgo, com arte nos pisos, paredes, tetos e mobiliários, impressionante expressão da aristocracia carioca que mais tarde serviria como palácio do Catete onde Getúlio Vargas despachou e despachou-se. Seu belo jardim tem na lateral outro museu, o Museu do Folclore, não vi nenhum artesanato da Paraíba e registrei isto no livro de visitas e sugestões, e não me causou grandes contentamentos aquela instituição que ousaria sugerir que melhor seria definir como Museu do Artesanato, praticamente única expressão folclórica do acervo da casa.
Continua…………….