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A lógica do pacote de ajuda a bancos

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O mercado financeiro mundial fechou eufórico nesta quarta-feira, animado pela perspectiva de um pacote de ajuda bancária do governo americano que poderá auxiliar o combalido sistema financeiro mundial. O pacote conta com generosos 816 bilhões de dólares, mas sua principal novidade é a divisão dos bancos em "bancos bons" e "bancos podres". As medidas deverão ser detalhadas na próxima semana, mas o mercado já subiu por conta.

Por que essa animação? Porque essa é a proposta mais sensata que veio de Washington em muitos meses, mostrando como Obama é diferente de George W. Moita. vale a pena explicar o que está acontecendo com mais detalhes.

Há dois tipos de ativos financeiros de má qualidade, os que são ruins e os que estão ruins. Ativos garantidos por empréstimos imobiliários podres concedidos sem critério para tomadores subprime são ruins; não há economista, advogado ou pai-de-santo que dê jeito.

Outros ativos estão ruins. Por exemplo, títulos de renda fixa garantidos pela receita de pedágio de uma estrada que ainda está sendo construída. Eles valem pouco hoje pois há pouco dinheiro na praça e as receitas vão demorar para chegar. Se um fundo de pensão tiver de vendê-los, só vai receber uma fração do que eles valem. No entanto, quando o humor do mercado melhorar e quando a economia aquecer o suficiente para aumentar o tráfego pela estrada, esses títulos vão voltar a valer algo parecido com o que valem hoje.

A sabedoria do pacote consiste em permitir aos bancos separar ativos que são ruins de ativos que estão ruins. Ativos que são ruins são prejuízo, ponto. Ativos que estão ruins podem ser lucro se alguém tiver bastante dinheiro e bastante paciência, como o Tesouro americano.

Guardadas as devidas proporções, é mais ou menos o que o governo brasileiro fez com Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal em 1996. Ambos os bancos estavam quase vergando sob o peso de empréstimos imobiliários e agrícolas de baixa qualidade. Parte desses ativos não tinha como ser cobrada: eram empréstimos concedidos a usineiros que só conheciam dois tipos de dívidas, as velhas (que eles não pagavam) e as novas (que eles esperavam ficar velhas).

A única maneira de resolver essa pendência histórica seria injetar muito dinheiro nos dois bancos. Foi o que foi feito. O governo criou uma empresa, a Emgea (Empresa de Gestão de Ativos) para ficar com os ativos e comprou os créditos podres dos dois bancos. Hoje, BB e Caixa estão sólidos e a Emgea vem,lentamente, cobrando o que pode.

A lógica disso é que o dinheiro público não será despejado em bancos sem salvação, mas vai permitir que banqueiros façam o que sabem fazer melhor: estabelecer preços para ativos financeiros – e cobrar o dobro do cliente.

 

Exame

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