Uma riqueza que brota do fértil solo da Paraíba, ultrapassou fronteiras e impulsionou o mercado da moda, o algodão colorido se tornou patrimônio cultural imaterial do Estado paraibano. A lei, de autoria do deputado Chió, já foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), e se apresenta, diante da importância histórica, cultural e econômica do algodão colorido.
Conforme destaca o texto da Lei, o cultivo de algodão colorido tem contribuído na economia de diversas cidades do interior da Paraíba, se tornando um arranjo produtivo que já exporta e beneficia, desde a agricultura familiar, até as associações de tecelões que usam a fibra para produzir peças artesanais.
Na justificativa da lei, o deputado explica que o algodão colorido, natural, tem as fibras curtas e fracas, que, por isso, não podem ser usadas na fabricação de fios e de tecidos. Por causa disso, os pesquisadores da Embrapa Algodão pesquisaram e trabalharam bastante para melhorar a sua resistência e aumentar o comprimento de suas fibras.
“Como resultado, houve a retomada da cotonicultura na região do semiárido no Nordeste, já desaparecida depois do bicudo-do-algodoeiro, praga que dizimou as plantações. O cultivo de algodões coloridos recuperou a economia do interior do estado da Paraíba, desde a agricultura familiar, até as associações de tecelões que usam essa fibra para produzir peças artesanais”, diz a justificativa.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi responsável pelo desenvolvimento do algodão colorido na Paraíba, há mais de 20 anos. O objetivo era oferecer alternativas de renda para os agricultores do Semiárido, além de contribuir para a preservação ambiental. De lá para cá, já foram lançadas seis variedades, com tonalidades que variam do verde aos marrons claro e avermelhado. O cultivo mais adotado pelos produtores é a BRS Rubi, por sua tonalidade mais escura, que é mais demandada pela indústria têxtil.
O pesquisador da Embrapa Algodão, Marenilson Batista da Silva, destacou a importância do algodão colorido para o desenvolvimento do Estado e os novos experimentos feitos pela Embrapa,
Ele enfatizou que a Embrapa está em trabalho muito adiantado com linhagens de algodão colorido e em breve, a Paraíba poderá cultivar novas formas do algodão colorido em seus campos.
“Nós temos os nossos pesquisadores à fazer cruzamentos e avaliações resultantes desses cruzamentos onde você pega um algodão branco com alta produtividade e ótima fibra, cruza com algodão marrom, depois cruza com verde, daí volta a cruzar com marrom, aí ficou muito bom, mas ficou muito claro, daí cruza com o mais escuro, ficou muito bonito, mas não tem fiabilidade, então cruza com o branco e assim vai”, exemplifica Marenilson.
Ele explicou que novos experimentos estão sendo feitos em campos produtivos do Assentamento Rural Margarida Maria Alves, município de Juarez Távora, objetivando observar o conjunto das qualidades apresentadas pelas linhagens e ao mesmo tempo buscar acrescentar o conjunto das qualidades almejadas à esses produtos agronômicos.
Graças ao avanço das pesquisas e ao emprego de novas tecnologias, a Paraíba conseguiu no ano passado, ampliar a produção de algodão colorido orgânico.
A safra do produto ultrapassou a 50 toneladas de pluma, produção pelo menos três vezes maior em relação à safra passada, estima a Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer).
Graças a sua riqueza, o algodão colorido da Paraíba conquistou o mercado internacional de moda. E no ano passado marcou presença na Semana de Moda de Milão, na Itália. A coleção ‘Ipês do Brasil’ levou 16 looks, entre eles, 12 femininos e quatro masculinos. As peças foram criadas pela diretora da Natural Cotton Color, Francisca Vieira, e também pelo consultor e design Rafael Lemos.
Severino Lopes
PB Agora