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Alto custo de propriedade e juros elevados paralisam vendas de carro e produção de montadoras, dizem especialistas

Fotos: Francisco França

Com os preços dos automóveis tendo disparado nos últimos anos, muitas pessoas estão adiando o sonho de comprar ou trocar de carro, seja zero km ou mesmo usado. Hoje o carro novo mais barato do mercado já encosta nos R$ 70 mil, um aumento de 150% nos últimos quatro anos. Dessa forma, o poder de compra do brasileiro também foi muito afetado: quem ganha um salário mínimo precisa economizar 55 meses para conseguir compra um Renault Kwid, que parte de R$ 68.190, segundo aponta estudo da Ipsos, empresa especializada em pesquisa e inteligência de mercado que aponta motivos para essa retração: o primeiro veículo é o alto custo de propriedade, resposta de 33,4% dos entrevistados o segundo a taxa de juros alta.

Segundo o estudo, o custo de propriedade não se resume apenas ao valor da compra do carro, mas também engloba todos os gastos necessários para mantê-lo na garagem, como impostos, combustível, seguro e manutenção, por exemplo. Já a taxa de juros alta é outro entrave para os motoristas do país, com 32,5% das citações. Bancos tradicionais como Bradesco, Banco do Brasil, Itaú, Santander e Caixa Econômica Federal cobram taxa de juros que varia de 25% a 30% ao ano para pessoa física na aquisição de um automóvel, de acordo com o Banco Central.

O preço do combustível aparece na terceira colocação, também com 32,5% das opiniões dos entrevistados – e olha que a pesquisa foi feita antes do provável aumento da gasolina, que deve acontecer a partir de março. No ano passado, esse foi o principal motivo apontado pelos consumidores que impedia a compra do carro. Realizada anualmente, a pesquisa Ipsos Drivers ouviu 1.200 pessoas de todo o Brasil. De forma espontânea, os entrevistados enumeraram cinco barreiras para a compra de um carro, sejam novos ou usados, envolvendo troca ou não, nos dias de hoje.

Realidade paraibana – As vendas de veículos seminovos e usados apresentaram estabilidade, no primeiro bimestre do ano, em comparação com o de 2022. Foram comercializadas 18.885 unidades neste ano, frente às 18.923 de 2022, com uma leve queda de 0,2%, conforme dados do Sindicato do Comércio de Revendedores de Veículos do Estado da Paraíba (Sinvep-PB) via seu presidente Fábio Santana.

Contudo, em janeiro, foi registrada uma queda de 11,7% sobre igual mês do ano passado, com uma diferença de quase 1.300 unidades. O presidente do Sinvep -PB, explica que o patamar da Taxa Selic também prejudica as vendas de veículos seminovos ou usados. Além disso, ele acrescenta um novo agente ao cenário econômico: a escassez do crédito, em razão da inadimplência. “As taxas dos seminovos não necessariamente são mais altas do que as dos novos, depende do prazo de pagamento e do ano do carro. Mas, com a perda do poder de compra da população, que contribui para o atraso dos pagamentos, os bancos reduzem o crédito”, explica.

Para o especialista em mercado financeiro Márcio de Lima Leite, a redução da taxa de juros é fundamental para que o setor volte a crescer. “Se queremos crescer, retomar a indústria, com essa taxa de juros, não vamos fazer. Não há dúvida em relação a isso. E não estamos elucubrando: com essa taxa de juros, o mercado não cresce. Engrossar o coro para redução dos juros é fundamental ao nosso crescimento”, disse.

Panorama brasileiro – As vendas de veículos de passageiros, comerciais leves, caminhões e ônibus, em janeiro deste ano foram de 142,9 unidades. Em fevereiro, as vendas somaram 129,9 mil, caíram 9% em relação a janeiro.

No ano passado, diversas linhas de produção foram paralisadas por falta de semicondutores e os 116,6 mil emplacamentos do ano anterior só foi maior do que o “desastre” de 2005, quando as vendas somaram apenas 99,6 mil automóveis e comerciais leves. Um início de ano ruim, confirmando retração do mercado de veículos.

Da Redação

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