A produção industrial terminou com desaceleração em junho, mas o crescimento de 16,2% alcançado no primeiro semestre deste ano na comparação com os primeiros seis meses de 2009 é o maior para o período desde 1991, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O ritmo de produção influencia diretamente os empregos da indústria. Se começa a cair consistentemente, pode provocar cortes de vagas. Entretanto, como o desempenho do setor ainda está bastante positivo no semestre, especialistas descartam impactos no mercado de tralho do setor.
O resultado ainda reflete a expansão da produção registrada em março, quando o setor bateu recorde ao avançar 19,7% sobre o mesmo mês do ano passado. De abril até junho, a produção passou por uma acomodação, como explica André Macedo, gerente da pesquisa industrial do IBGE.
– Temos um segundo trimestre com ritmo menos intenso do que havia sido observado no primeiro, em razão das reduções de IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] que ajudavam a explicar e impulsionar setores, como a indústria automobilística. Depois de março, quando a produção atinge o ponto máximo, há uma acomodação.
Das 27 áreas pesquisadas, 25 mantiveram aceleração nesta primeira metade do ano, com destaque para a produção de veículos automotores (32,3%), máquinas e equipamentos (41,9%), metalurgia básica (31,9%), outros produtos químicos (18,4), produtos de metal (35,8%), indústrias extrativas (16,2%) e borracha e plástico (22,4%).
Somente outros equipamentos de transporte e fumo tiveram quedas na atividade entre janeiro e junho, de 6,8% e 11,2%, respectivamente.
O especialista do IBGE diz que estamos longe de uma crise e que uma desaceleração a registrada em junho é positiva para adequar os estoques – aquilo que as indústrias produziram e que ainda não foi vendido ao comércio.
Estoques altos podem causar um efeito negativo de queda nos preços, que derruba o faturamento das empresas e pode até apontar para demissões no futuro.
– O setor industrial ainda está muito próximo do patamar histórico, e isso é muito positivo. Quando comparamos os dados de 2010 com os de 2009, confrontamos uma base baixa, em que o setor vinha em recuperação frente à crise [financeira mundial, que começou nos EUA]. A melhor notícia é que esse crescimento forte ocorreu na maior parte das atividades, o que aponta para um dado sustentável.
Trabalho
Para o especialista, o ritmo de produção influencia diretamente os empregos da indústria. Pelos últimos dados da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), com o balanço do setor em maio, o emprego continuou em expansão.
As empresas continuaram contratando, e as horas trabalhadas acumularam aumento de 7,5% desde janeiro. Isso fez com que a indústria recuperasse todos os empregos perdidos com a crise financeira mundial, iniciada em setembro de 2008.
– Até maio, o mercado de trabalho vem respondendo positivamente aos estímulos da produção, com aumentos nas horas pagas.
Na comparação com abril, houve crescimento de 0,4% no total de vagas em maio. Para Marcelo de Ávila, economista da CNI, "há um crescimento contínuo do emprego" e a previsão é que o setor dê continuidade à trajetória de expansão, com a melhora da renda do brasileiro.
– O mercado doméstico consumidor continua em expansão, assim como o emprego e a indústria. O rendimento vem crescendo também, de forma moderada, mas vem crescendo, e tudo isso gera massa de salário e, com isso, você vai continuar alimentando a expansão da demanda doméstica, que tem sido o motor principal da economia.
R7