Após três meses seguidos de demissões, a economia brasileira voltou a contratar em março. De acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgadas pelo Ministério do Trabalho nesta quinta-feira (23), o país abriu 19.282 vagas de emprego formal no mês passado.
Em dezembro de 2014, o país registrou o fechamento de 555.508 empregos com carteira assinada. Em janeiro e fevereiro deste ano, respectivamente, as demissões superaram as contratações em 81.774 e 2.415 vagas formais. Estes números foram considerados sem ajuste para declarações fora do prazo.
Além de ser a primeira criação de empregos com carteira assinada em quatro meses, o valor do mês passado também superou março de 2014 – quando foram criadas 13.117 vagas de trabalho. O crescimento, no número de empregos criados, foi de 47% nesta comparação.
" O Caged mostra uma recuperação em março. Em janeiro, houve redução na geração de postos de trabalho e em fevereiro tivemos uma estagnação. Temos agora no mês de março um aumento de empregos representando 19 mil postos de trabalho, superior à do ano passado no mesmo mês. Começamos uma recuperação e abril será melhor do que março", disse o ministro do Trabalho, Manoel Dias.
Primeiro trimestre
Nos três primeiros meses deste ano, ainda segundo dados oficiais, foram fechadas 50,35 mil empregos formais, o que representa piora em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram abertas 344,98 mil vagas formais.
Este é o pior resultado para os três primeiros meses do ano, pelo menos, desde 2002, quando começa a série histórica ajustada disponibilizada pelo Ministério do Trabalho aos jornalistas.
Os números de criação de empregos formais do acumulado de 2015, e de igual período dos últimos anos, foram ajustados para incorporar as informações enviadas pelas empresas fora do prazo (até o mês de fevereiro). Os dados de março de cada ano ainda são considerados sem ajuste.
De acordo com o ministro Manoel Dias, o cenário de demissões, nos três primeiros meses deste ano, preocupa. Mas ponderou que o país está vivendo um momento de "transição e ajustes". Segundo ele, as medidas de ajuste nas contas públicas (aumento de tributos, limitação de benefícios sociais e cortes de gastos) "certamente vão permitir uma retomada do crescimento".
"Diante do discurso que estamos vivendo uma crise econômica, estamos vivendo uma crise política, que impacta tamém a economia. Influencia quem quer comprar, por exemplo, um automóvel ou um apartamento. Acabam adiando essa compra. E o próprio investidor que posterga um pouco [os investimentos]", declarou o ministro.
Manoel Dias não quis fazer uma projeção para o resultado dos empregos formais em todo este ano. Declarou que ainda é muito cedo para divulgar uma estimativa para 2015 fechado. "Estamos em uma fase de início de recuperação. Não dá para fazer uma estimativa [para este ano]", afirmou ele.
Setores
Segundo dados oficiais, o setor de comércio registrou a abertura de 2.684 postos em março deste ano, ao mesmo tempo em que a construção civil teve 18.205 demissões no mês passado.
De acordo com o ministro do Trabalho, a Operação Lava Jato, que apura denúncias de corrupção na Petrobras, influenciou o emprego formal na construção civil nos últimos meses.
"Afetou a maior empresa brasileira [Petrobras]. E algumas empresas terceirizadas da Petrobras. Nas obras do Comperj, por exemplo. Afetaram quanto à geração de empregos. Houve dispensas e creio que a Petrobras, com o balanço apresentado, terá a tarefa de recuperar esse período que passou e certamente recuperará por se tratar da maior empresa brasileira", declarou Manoel Dias.
O setor de serviços registrou a contratação de 53.778 postos no mês passado, segundo o Ministério do Trabalho. A indústria de transformação, por sua vez, demitiu 14.683 trabalhadores com carteira assinada em março.
Já a agricultura teve o fechamento de 6.281 postos de trabalho em março, enquanto a administração pública abriu 3.012 vagas formais. A indústria extrativa mineral fechou 1.675 empregos no mês passado.
Regiões do país
Segundo o Ministério do Trabalho, houve o registro de demissões em duas das cinco regiões do país em março deste ano.
A região Sul abriu 26.362 postos formais em março, ao mesmo tempo em que o Centro-Oeste registrou a contratação de 6.196 trabalhadores com carteira assinada no terceiro mês de 2015.
No Sudeste, que geralmente lidera as contratações no país, foram abertas 12.072 vagas formais em março deste ano.
Já a região Nordeste fechou 19.138 postos formais no mês passado, enquanto que a região Norte registrou 6.210 demissões no mesmo período.
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