O Banco Central (BC) prevê uma alta de 5% no preço da gasolina este ano, segundo a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada esta quinta-feira (24).
Se confirmado, o reajuste seria menor que a defasagem de 7% no preço da gasolina calculado pelo governo. O governo federal ainda não confirmou o percentual do reajuste, mas autorizou o aumento na mistura de etanol na gasolina, de 20% para 25%, como forma de segurar o preço do combustível.
O BC também projeta, segundo a ata do Copom, um recuo de aproximadamente 11% na tarifa de energia elétrica para as residências neste ano, estimativa que leva em conta as reduções de encargos setoriais e as revisões tarifárias anunciadas recentemente pelo governo federal.
Se confirmada a projeção do Copom, o desconto nas contas de luz ficaria abaixo da redução média de 18% para as residências, anunciada na quarta-feira (23) pela presidente Dilma Rousseff, e cuja regulamentação foi publicada na edição desta quinta-feira do Diário Oficial da União.
A ata da reunião do BC também revela uma projeção de reajuste no preço da gasolina de cerca de 5% para o acumulado de 2013. Se confirmado, o reajuste seria menor que a defasagem de 7% no preço da gasolina calculado pelo governo.
Ambas estimativas foram feitas pelo Copom ao avaliar as pressões sobre a inflação neste ano. O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em R$ 2,05 por dólar e da Selic — taxa básiva de juros do país — em 7,25% ao ano.
Divulgada nesta quinta-feira, a ata diz respeito à reunião do colegiado da quarta-feira (16), na qual foi mantida a Selic em sua mínima histórica de 7,25%.
Inflação no curto prazo
Na ata, o BC voltou a dizer que houve piora nos riscos para a inflação no curto prazo, com recuperação da atividade menos intensa que o esperado, e projetou um índice de inflação acima do centro da meta, de 4,5%, tanto para 2013 quanto para 2014.
O Copom afirma, na ata, que as decisões futuras terão o foco de "assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas".
Esse cenário de pressão inflacionária analisado pelo BC leva em consideração o reajuste de cerca de 5% no preço da gasolina e recuo de aproximadamente 11% na tarifa residencial de eletricidade neste ano, de acordo com o documento.
O Copom ressaltou que a demanda doméstica tende a continuar robusta neste e nos próximos semestres, sobretudo com consumo das famílias. Também ressaltou que o setor público continua "expansionista", mas lembrou que o cenário internacional limita a demanda agregada.
Neste contexto, defendeu que "decisões futuras de política monetária serão tomadas com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas". O Copom também indicou que vai manter a Selic na mínima histórica de 7,25% ao ano por um "tempo suficientemente prolongado".
Corte nas tarifas
O governo tem se esforçado neste início de ano para mostrar que a inflação vai perder força nos próximos meses. Para tanto, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o corte nos preços das tarifas de energia elétrica serão ainda maiores e válidos a partir de agora.
Dilma afirmou na quarta-feira que a redução da conta de luz será de 18% para residências e de até 32% para indústria, comércio e agricultura. O percentual é maior que o anunciado pelo governo em setembro, de 16% para residências e de até 28% para a indústria.
Uma fonte do governo havia dito para a agência de notícias Reuters, antes do anúncio feito pela presidente, que o BC calculava que o corte nos preços das tarifas de energia teria um impacto negativo de 1 ponto percentual no IPCA deste ano, mais do que o suficiente para compensar a esperada alta nos preços da gasolina, com impacto positivo de 0,3 ponto sobre o indicador de inflação.
(UOL Com Reuters)